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RECONSTRUINDO E DESCONSTRUINDO O EU: Mecanismos cognitivos na prática da meditação - Dahl, Lutz & Davidson - Ciência Contemplativa

RECONSTRUINDO E DESCONSTRUINDO O EU: Mecanismos cognitivos na prática da meditação – Dahl, Lutz & Davidson

RECONSTRUINDO E DESCONTRUINDO O SELF: MECANISMOS COGNITIVOS NA PRÁTICA DA MEDITAÇÃO

Cortland J. Dahl, Antoine Lutz e Richard J. Davidson

Resumo

A pesquisa científica ressalta o papel fundamental de processos psicológicos específicos, em particular aqueles relacionados ao eu, em várias formas de sofrimento e florescimento humanos. Esta visão é compartilhada pelo budismo e outras tradições contemplativas e humanísticas, que desenvolveram práticas de meditação para regular esses processos. Em continuidade com um artigo publicado anteriormente nesta revista, nós propomos um novo sistema de classificação que categoriza estilos específicos de meditação nas famílias atencional, construtiva e desconstrutiva, com base em seus mecanismos cognitivos primários. Nós sugerimos que metaconsciência, autoquestionamento e tomada de perspectiva com reavaliação cognitiva podem ser mecanismos importantes em famílias específicas de meditação, e que essas alterações nesses processos podem ser usadas para atingir estados de fusão experiencial, esquemas automáticos desadaptativos e reificação cognitiva.

Palavras-chaves: meditação, atenção plena, metaconsciência, fusão experimental, insight, autoquestionamento

Mecanismos Cognitivos da Prática de Meditação

Bem-estar é um fenômeno complexo relacionado a uma variedade de fatores, incluindo diferenças culturais, condição socioeconômica, saúde, qualidade das relações interpessoais e processos psicológicos específicos [1,2]. Enquanto a atenção plena (ver Glossário), compaixão, e outras formas de meditação são cada vez mais estudadas, como intervenções para aliviar o sofrimento e promover o bem-estar [3–10], ainda não está claro como diferentes estilos de meditação afetam processos cognitivos específicos, nem como as alterações nesses processos podem afetar os níveis de bem-estar. Aqui, nós abordamos essa questão na perspectiva da psicologia e neurociência cognitiva. para compreender melhor como as mudanças no bem-estar são mediadas por alterações em diferentes processos cognitivos e na estrutura e funcionamento das redes cerebrais correspondentes.

Em um artigo prévio nesta revista, nós propusemos uma abordagem preliminar para discutir as formas de meditação de atenção plena praticadas comumente [11]. Modelos teóricos recentes desenvolveram ainda mais nossa compreensão na tentativa de identificar o potencial cognitivo e os mecanismos neurais de diferentes tipos de meditação e de classificar diferentes formas de prática contemplativa[12–17]. Apesar de alguns modelos terem proposto processos cognitivos e biológicos específicos, que esclarecem a prática de meditação de atenção plena [18–20], faltam relatos teóricos de outras famílias de meditação, especialmente modelos que identifiquem mecanismos importantes em outros estilos de práticas. Esses trabalhos pioneiros fornecem insights fundamentais para o estudo científico da meditação, mas ainda são necessários esforços rigorosos para examinar os processos psicológicos envolvidos nas diferentes famílias de meditação, buscando entender o modo preciso pelo qual eles poderiam afetar vários aspectos do bem-estar.

Neste artigo, nós expandimos nossa abordagem inicial para acomodar uma faixa mais ampla de práticas de meditação tradicionais e contemporâneas, agrupando-as nas famílias atencional, construtiva e desconstrutiva. De acordo com este modelo, os mecanismos cognitivos primários nessas três famílias são (1) regulação da atenção e metaconsciência, (2) tomada de perspectiva e reavaliação, e (3) autoquestionamento, respectivamente. Para ilustrar o papel desses três processos em diferentes formas de meditação, nós discutimos como eles podem atingir a fusão experiencial, o autoesquema desadaptativo, e a reificação cognitiva de formas diferentes, no contexto da meditação budista, integrando outras perspectivas contemplativas, filosóficas e clínicas, quando relevantes. Os mecanismos e alvos que nós propomos são oriundos da ciência cognitiva e da psicologia clínica. Embora esses processos psicológicos sejam complexos teoricamente, assim como as práticas de meditação que os pretendem atingir, nós propomos essa nova abordagem como primeiro passo na identificação dos mecanismos cognitivos específicos para ajudar no estudo científico de diferentes famílias de meditação e no efeito dessas práticas no bem-estar.

A Família Atencional: Metaconsciência e Fusão Experiencial

O grupo de práticas meditativas ao qual nos referimos aqui como ‘família atencional’ treina uma variedade de processos relacionados à regulação da atenção. Estes incluem a capacidade de manipular a orientação e a ampliação da atenção, monitorar, detectar e afastar-se das distrações, bem como reorientar a atenção em direção a um objeto escolhido. [20–23]. Nós entendemos que uma característica compartilhada por todas as práticas de meditação nesta família é o treinamento sistemático da capacidade de intencionalmente iniciar, dirigir e/ou sustentar esses processos atencionais, enquanto se fortalece a capacidade de estar consciente dos processos de pensar, sentir e perceber (veja Quadro 1 e Tabela 1).

Na literatura científica, o termo metaconsciência tem sido empregado para descrever a função cognitiva de estar consciente dos processos da consciência [24]. Na ausência da metaconsciência, nós nos “fundimos” com o que experienciamos. Nós podemos estar conscientes dos objetos de atenção, embora inconscientes dos processos de pensar, sentir e perceber. No estudo da metacognição, esse estado de fusão experiencial tem sido referido utilizando-se uma variedade de termos, incluindo “fusão cognitiva” e “modo objeto” [25,26].

Consideremos aqui um exemplo para ilustrar a diferença entre metaconsciência e fusão experiencial. Imagine que você está assistindo a um filme envolvente. Em um dado momento, você pode estar experiencialmente fundido com o filme, a ponto de não estar mais consciente de que está sentado em uma sala de cinema. No momento seguinte, você pode, repentinamente, se tornar consciente de seu entorno e do fato de estar vendo imagens em uma tela. Em ambos momentos, você pode estar atento ao filme, mas somente no segundo momento você está também consciente do processo de estar assistindo ao filme.

Nesse exemplo, prestar atenção às imagens e sons que constituem o filme é uma forma de estar consciente. Se alguém tocasse no seu ombro e perguntasse a você o que tinha acabado de acontecer no filme, você poderia responder. Entretanto, se perguntassem se você estava ou não consciente de estar sentado em uma sala de cinema no momento anterior à pergunta, você provavelmente diria que não. A consciência de que você estava assistindo a um filme, neste caso, seria apenas retrospectiva. Dentre uma gama de tradições contemplativas tradicionais e contemporâneas, a ausência de metaconsciência é vista como impedimento a várias formas de automonitoramento, autorregulação e autoquestionamento [27–29].

Fusão Experiencial e o Treinamento da Atenção

A falta de habilidade de regular os processos de atenção tem sido associada ao TDAH [30], dependência química [31] e outras formas de psicopatologia [32,33], e a anormalidades da estrutura e funcionamento do cérebro [34].

A fusão experiencial, em particular, tem recebido muita atenção em diversas intervenções terapêuticas contemporâneas. Embora esteja associada a conceitos superpostos, como “distanciamento cognitivo, “desfusão cognitiva” e “descentralização,” a reversão de estados de fusão experiencial pelo cultivo da metaconsciência é considerada especialmente importante no cultivo da saúde mental [26,35–38].

Estudos clínicos mostraram que uma habilidade reduzida para o indivíduo se afastar e observar os processos internos de pensamento e sentimento tem um papel importante em uma variedade de problemas psiquiátricos, incluindo depressão [39] e ansiedade [40]. Em um estudo recente, os autores encontraram reduções nos processos psicológicos relacionados com a fusão experiencial em pacientes submetidos a tratamento para depressão, que receberam treinamento em terapia cognitiva com base na atenção plena, mas não no grupos controles. Essas mudanças estavam associadas a mudanças positivas na sintomatologia depressiva [41]. Resultados semelhantes têm sido encontrados em casos de tratamento de dependentes químicos [42]. Um estudo sobre parar de fumar, por exemplo, demonstrou que a prática da atenção plena atenuou o comportamento de fumar cigarros, particularmente por alterar a relação entre a avidez da dependência e o comportamento de fumar.

Como discutido recentemente, as práticas relacionadas à atenção plena têm possibilitado treinar muitos processos atencionais aqui descritos e induzir mudanças funcionais e estruturais nas redes cerebrais relacionadas à atenção [9,44]. Por exemplo, há evidência crescente de que a estabilidade da atenção aumenta com o treino de atenção plena, como medido pela redução na variabilidade do tempo de resposta e da variabilidade da resposta do eletroencefalograma do cérebro, durante tarefas de desempenho contínuo [7,45]. De maneira semelhante, o treinamento intensivo de meditação tem mostrado reduzir ambos marcadores (comportamental e do encefalograma) do piscar atencional, um fenômeno que reflete a propensividade de a atenção se fundir com um alvo perceptual [46]. Esse efeito é também modulado por diferentes formas de meditação, com maiores reduções no piscar atencional em comparação com a meditação de monitoramento aberto em práticas de atenção focada [47] (veja Quadro 1). Quando a fusão experiencial com experiências emocionais se reduz, a regulação das emoções deveria mais fácil, uma vez que sua perseveração é reduzida. Essa previsão está alinhada com os resultados obtidos com mediadores especializados, que exibiram menor atividade da amígdala em resposta a estímulos emocionais negativos em comparação com o grupo controle [48]. Efeito semelhante foi encontrado quando pacientes com problemas de ansiedade foram submetidos a treinamento em meditação de atenção plena [49].

Um vertente pela qual a metaconsciência poderia impactar o bem-estar está em sua relação com a divagação mental. A divagação mental mostrou consumir cerca de 50% de nossa vida acordados e está atrelada ao nosso senso de bem-estar [50]. Se o treinamento em formas atencionais de meditação de fato fortalece a metaconsciência, nós devemos esperar que isso afete tanto a incidência quanto o efeito da divagação mental. Estudos recentes têm realmente encontrado que o treinamento da meditação altera padrões do pensamento não relacionado à atividade, mostrando que mesmo breves treinos em meditação em atenção plena decrescem os indicadores comportamentais da divagação da mente [51,52]. Embora a metaconsciência e os processos autorreferentes sejam difíceis de operacionalizar, alguns estudos recentes parecem indicar que as regiões do cérebro associadas ao processamento autorreferente [53–55], como o córtex pré-frontal medial e o córtex cingulado posterior, podem ser suprimidas pelas práticas relacionadas à atenção plena [56,57]. Em um desses estudos, esse padrão estava ligado ao crescente acoplamento dessas regiões medianas com as redes atencionais do cérebro com função executiva, como o córtex pré-frontal dorsolateral e o córtex cingulado dorsal anterior [57]. No outro, esse padrão esteve ligado à redução da junção entre o córtex pré-frontal medial e uma região interoceptiva, o córtex insular [56]. Especulou-se que esses padrões refletiram redução no pensamento autorreferente e maior consciência no tempo presente [56,57]. Essas interpretações requerem investigações mais aprofundadas, particularmente porque a divagação da mente recruta múltiplas regiões do cérebro, algumas das quais podem também ter algum papel na atenção e interocepção [54]. Também não está claro como a metaconsciência afeta a habilidade de usar aspectos construtivos da divagação da mente de maneira mais efetiva, e como os padrões de ativação nas regiões do cérebro associadas com pensamento autorreferente mudam quando períodos de divagação da mente coincidem com a metaconsciência.

A Família Construtiva: Reavaliação, Tomada de Perspectiva e Autoesquema

O estilo de prática a que nos referimos como ‘família construtiva’ inclui uma variedade de práticas de meditação que fortalecem padrões psicológicos que promovem o bem-estar. Nós propomos que essas práticas podem afetar o bem-estar por meio de localizar os autoesquemas desadaptativos e substituí-los por concepções mais adaptativas de próprio indivíduo. Na psicologia cognitiva, acredita-se que crenças e conceitos latentes sobre si mesmo, referidas como autoesquema, fundamentam e informam pensamentos e emoções [58] e impactam padrões de funções cerebrais [59]. Em contraste com as práticas atencionais, as quais frequentemente focam em simplesmente monitorar padrões cognitivos e afetivos, as meditações construtivas envolvem a alteração sistemática do conteúdo dos pensamentos e emoções. Algumas práticas construtivas são projetadas para cultivar qualidades como paciência e equanimidade, que protegem a mente do estresse da vida diária. Outras visam promover uma reconstrução de prioridades e valores e uma reorientação da mente em direção ao que é realmente significativo na vida. Ainda mais, lidam com as relações interpessoais, por meio do cultivo de qualidades pró-sociais como bondade e compaixão (veja Quadro 2 e Tabela 1).

A ampla variedade de práticas desta família, assim como sua complexidade individual, torna a identificação dos mecanismos cognitivos essenciais um desafio. Mesmo assim, um número de processos parecem ser fundamentais em uma ampla gama de meditações construtivas. Dois mecanismos que parecem ter especial importância nesta família são a reavaliação cognitiva e a tomada de perspectiva. A reavaliação cognitiva se refere ao processo de mudar o modo de pensar em situações e eventos de tal modo que a resposta a eles seja alterada [60]. A reavaliação é uma estratégia importante na regulação da emoção [61] e recruta regiões do cérebro relacionadas com o controle cognitivo, incluindo o córtex pré-frontal dorsomedial, dorsolateral e ventrolateral bem como o córtex parietal posterior [62]. Em um estudo de reavaliação em pacientes com transtorno de ansiedade social (TAS), por exemplo, os resultados mostraram que o uso da reavaliação reduziu os efeitos negativos em ambos, pacientes com TAS e controles saudáveis; mas nos controles saudáveis, diferentes padrões de atividade nas regiões regulatórias do cérebro estavam associados à atividade da amígdala mais reduzida do que nos pacientes com TAS [63].

O segundo processo essencial que nós propomos para ser chave em muitas meditações construtivas é a tomada de perspectiva, o ato de considerar como a própria pessoa ou outra se sentiriam em uma dada situação [64]. A tomada de perspectiva contribui especialmente para a experiência de emoções sociais [65]. Como um componente crítico das relações interpessoais saudáveis, por exemplo, encontrou-se que ela é reduzida em psicopatas [66] e é também um mediador central na redução do prejuízo intergrupos [67]. Estudos de imagem indicam que não há nenhum mecanismo de um único neurônio relacionado à tomada de perspectiva. Ao contrário, eles indicam que as diferenças em perspectiva (imaginar-se experienciando dor versus outra pessoa experienciando dor, por exemplo) recrutam diferentes redes cerebrais [65].

Em práticas de meditação construtiva, a reavaliação cognitiva e a tomada de perspectiva parecem ser mecanismos importantes usados para detectar processos psicológicos desadaptativos ou neutros e substituí-los por padrões mais adaptativos. Um exemplo comum é a transformação da empatia em compaixão (veja Quadro 3). Ouvir um bebê chorar em um avião, por exemplo, pode inicialmente provocar um sentimento de desconforto, seguido por aversão. Essa experiência pode ser transformada tomando a perspectiva da mãe do bebê, de modo a acionar uma sensação de calor humano e compaixão e também reinterpretar o som do choro do bebê, vendo a experiência como uma oportunidade de cultivar a bondade e preocupação ao invés de um impedimento ao próprio bem-estar. Por meio do cultivo sistemático da compaixão dessa maneira, responder a estímulos aversivos com preocupação altruísta pode, afinal, se tornar automático. Tais mudanças podem, portanto, ser estudadas dentro da abordagem de formação de hábito, que está associada com várias facetas do bem-estar físico e psicológico [68].

Até o momento, as práticas de meditação construtivas têm recebido menos atenção do que outras formas de meditação na pesquisa científica, embora alguns estudos tenham começado a explorar práticas relacionadas a essa família, incluindo o cultivo da compaixão [69,70] e meditações com base na imaginação [15]. O papel exato que a reavaliação e a tomada de perspectiva têm em estilos construtivos de meditação, portanto, ainda não é conhecido, nem é claro como esses processos se relacionam ao recrutamento de redes específicas do cérebro.

Não obstante, pesquisas sobre o cultivo da compaixão, um estilo de meditação amplamente praticado nesta família, fornecem informações úteis sobre os mecanismos neurais e cognitivos das meditações construtivas. Resultados preliminares indicam que esta prática pode afetar a regulação da emoção e as redes cerebrais correspondentes (veja Quadro 3). Apesar de serem necessários estudos complementares para esclarecer o papel da reavaliação e tomada de perspectiva em outras formas de meditação construtiva, estes dados sugerem um possível mecanismo pelo qual formas específicas de meditação podem afetar o bem-estar.

Família Desconstrutiva: Autoquestionamento e Insight

O grupo de meditações a que nos referimos como ‘família desconstrutiva’ visa desfazer padrões cognitivos desadaptativos por meio da exploração da dinâmica da percepção, emoção e cognição e da geração de insight nos modelos internos de si mesmo, dos outros e do mundo. Nós propomos que um mecanismo central na família desconstrutiva seja o autoquestionamento, o qual nós definimos como o processo de investigar a dinâmica e a natureza da experiência consciente. Apesar de o autoquestionamento ter recebido pouca atenção como tema de pesquisa científica, várias formas de questionamento são empregadas por uma gama de tradições contemplativas [71-73]. O autoquestionamento pode envolver uma análise discursiva ou um exame direto da experiência consciente, e frequentemente envolve a exploração de processos autorrelacionados (veja Quadro 4 e Tabela 1). A análise discursiva poderia favorecer a identificação das hipóteses que fundamentam a reificação de um objeto ou experiência particulares e também a reflexão subsequente e o questionamento sobre a consistência lógica dessas hipóteses. Se você é ansioso, por exemplo, você poderia identificar as hipóteses de receio que fundamentam a emoção e então questionar as bases racionais de suas crenças. Outra abordagem seria examinar diretamente sua experiência, por exemplo por meio da dissecção do sentimento de ansiedade em suas partes componentes e observar como os pensamentos, sentimentos e sensações físicas que compõem a emoção mudam constantemente. No contexto da meditação budista, esse processo de questionamento é geralmente aplicado às crenças sobre o eu, apesar de que pode também ser aplicado à natureza e dinâmica da percepção, ao desdobramento dos pensamentos e emoções ou à natureza da consciência.

Na família desconstrutiva, o autoquestionamento é praticada para propiciar o insight. O insight tem sido concebido como uma alteração na consciência, geralmente repentina, que envolve uma sensação de saber, compreender, ou perceber algo que anteriormente tinha escapado ao entendimento de alguém [74]. Estudos científicos desse fenômeno têm focado na explosão da compreensão que pode ocorrer em relação à solução de problemas semânticos ou de matemática simples [75]. A pesquisa encontrou que essa forma de insight está ligada a diferenças hemisféricas no cérebro, com estudos recentes demonstrando que a estimulação facilitatória do córtex frontal-temporal direito por corrente direta juntamente com a estimulação inibitória da região correspondente do hemisfério esquerdo aumenta grandemente a capacidade de resolver problemas originada por insight [76,77]. Até o momento, o estudo cientifico do insight não tem investigado formas de insight que possam surgir por meio do autoquestionamento, nem tem havido investigação sistemática da relação entre insight e bem-estar. Esta é uma área que demanda pesquisa futura, especialmente porque uma variedade de tradições meditativas sustentam que formas específicas de insight, como insight sobre a natureza do eu, têm particular importância quando se trata de cultivar o bem-estar [27,71,78].

Na prática da meditação budista os insights, que comumente seriam frágeis e fugazes, são sistematicamente estabilizados e integrados com a experiência da pessoa, primeiro em meditação formal e subsequentemente na vida cotidiana. A consciência aguçada da experiência do momento presente, cultivada através das meditações atencionais, e o autoquestionamento realizado nas meditações desconstrutivas são, pois, considerados processos importantes, porém distintos [79]. Para dar um exemplo da relação entre esses dois processos, considere o sentimento de ser dominado pela raiva. Quando seu senso de eu está fundido com a presença da raiva (i.e., a sensação “eu estou com raiva”), o surgimento da raiva não é visto claramente, mas ela forma a lente através da qual você vê a experiência. As práticas da família atencional treinam a capacidade de reconhecer a ocorrência da raiva e de outros estados da mente, habilitando a pessoa a notar os pensamentos de raiva, as mudanças psicológicas e as mudanças na tonalidade afetiva. Esse processo de reconhecimento sustentado permite a investigação da experiência de raiva, uma abordagem utilizada nas meditações desconstrutivas. Com esse elemento adicional, a pessoa não está meramente sustentando a consciência da experiência de raiva, mas também investigando seus vários componentes, questionando suas relações com o próprio senso de eu, e/ou descobrindo as crenças implícitas que informam o surgimento da raiva e, então, questionando a validade dessas crenças à luz da experiência do momento presente (veja Quadro 4). Esta investigação da experiência da consciência é dita provocar uma experiência de insight, um relance de compreensão intuitiva, que pode ser estabilizada quando aliada à metaconsciência. Assim, a metaconsciência prepara a cena para o autoquestionamento e permite a estabilização do insight que ele gera, embora sejam processos distintos.

Até o momento, somente um estudo investigou a relação entre treino em meditação e insight. Apesar de a forma de meditação empregada no estudo não ter sido de natureza desconstrutiva, os resultados mostraram que a criatividade na solução de problemas foi maior com um treinamento de meditação de curto prazo do que com um treinamento de relaxamento muscular progressivo [80]. Essa diferença, além disso, estava ligada ao aumento da ativação em uma variedade de regiões do cérebro, incluindo: giro cingulado direito, ínsula, putâmen, giro frontal inferior, giro frontal médio bilateral, lóbulo parietal inferior e giro temporal superior [80]. Estudos adicionais são necessários para determinar se formas específicas de meditação, particularmente as meditações desconstrutivas, aumentam a capacidade de provocar e sustentar o insight, e também investigar os correlatos psicológicos e biológicos das experiências de insight. Assim, o estudo da relação entre diferentes formas de meditação e bem-estar pede uma consideração mais abrangente da variedade de insights, seus correlatos neurais e as condições e intervenções que podem facilitar sua ocorrência.

O Cérebro e os Processos Relacionados com o Eu

Como visto aqui, o questionamento sobre a natureza do eu é uma prática importante em uma variedade de tradições contemplativas, incluindo a meditação budista e exercícios contemplativos greco-romanos [27,28]. Um dos aspectos mais convincentes de nosso senso de eu é a narrativa pessoal contínua, que junta e entrelaça os vários aspectos de nossas vidas em uma experiência coerente e unificada. Esse intérprete interno tem sido relacionado à atividade do hemisfério cerebral esquerdo em pacientes com desconexão inter-hemisférica [81] e à atividade no córtex pré-frontal medial e córtex cingulado posterior, utilizando-se a pesquisa por imagem do cérebro [82–84]. O eu narrativo pode ser contrastado com a experiência subjetiva em primeira pessoa, que não se estende no tempo. Esse aspecto de individualidade tem sido referido como “eu mínimo” e “eu fenomenal mínimo” [86] e acredita-se estar instanciado na atividade cortical de regiões relacionadas à interocepção, como a ínsula anterior [87–89], na junção temporo-parietal[90], assim como no hipotálamo, tronco encefálico e outras regiões subcorticais associadas com o funcionamento homeostático [91].

Como ainda há uma escassez de evidências empíricas em relação às práticas de meditação desconstrutivas e seu efeito nos processos neurais, essa é uma área que demanda estudos mais intensivos no futuro. Alguns dados destacam a possibilidade de usar meditação para intencionalmente manipular aspectos essenciais da identidade [57,92,93], apesar de não estar claro se um insight sobre a natureza da experiência rompe processos rígidos e/ou desadaptativos relacionados ao eu, nem está claro como alterações desses processos poderiam estar instanciadas no cérebro. Entretanto, realmente parece haver alguma superposição entre os insights ditos surgirem nas formas de meditação que exploram a natureza do eu e a pesquisa recente na arena da neurociência cognitiva, que sugere que o autoprocessamento no cérebro não está instanciado em uma região ou rede particular, mas sim estende-se por uma ampla faixa de processos neurais variáveis, que não parecem ser específicos do eu [94,95]. Estudos futuros podem explorar essa convergência usando práticas contemplativas, especificamente aquelas da família desconstrutiva, para provar a maleabilidade dos processes relacionados com o eu, sua instância no cérebro e sua relação tanto com o sofrimento quanto com o bem-estar.

Conclusões e Direções Futuras

A pesquisa científica sobre os efeitos da meditação ainda se encontra em estágios muito iniciais. Apesar de os resultados preliminares sugerirem que a meditação e outras formas de treinamento mental podem produzir mudanças demonstráveis na experiência subjetiva, comportamento, padrões de atividade neural e biologia periférica, estudos rigorosos ainda são necessários para descobrir os mecanismos precisos que fundamentam essas mudanças. Em particular, estudos aleatorizados, grupos de controles ativos e estudos longitudinais que examinem as mudanças dentro e entre as disciplinas ao longo do tempo, assim como comparações entre práticas, serão especialmente importantes para determinar a eficácia dos paradigmas do treinamento da meditação. Além disso, correlatos subjetivos, comportamentais e clínicos das mudanças neurais relacionadas à meditação são necessários para avaliar o efeito de diferentes estilos de meditação.

A abordagem apresentada destaca a necessidade de expandir o escopo da pesquisa científica para incluir uma ampla gama de práticas de meditação. O estudo sobre a meditação de atenção plena permitiu uma abertura singular no treinamento de formas específicas de atenção, bem como no efeito do treinamento atencional sobre a regulação da emoção, aprendizado e memória, e de várias outras formas de psicopatologia. De maneira semelhante, outras formas de meditação podem produzir insights importantes sobre a regulação de processos relacionados ao eu e sua importância para o bem-estar, saúde e biologia periférica.

É importante notar que aqui nós exploramos essas famílias com as lentes da neurociência cognitiva e psicologia clínica, focando nossa atenção nos mecanismos cognitivos primários e alvos fenomenológicos de formas específicas de meditação. Entretanto, se nós quisermos compreender completamente essas práticas, será também importante estudar o contexto mais amplo no qual essas práticas se enquadram. Esse contexto inclui, mas certamente não se limita, a ética, incorporação, dinâmica interpessoal, configuração cultural, e o papel da crença e da expectativa na formatação da experiência subjetiva. Dada essa abordagem, mesmo que pareça inadequada, nós esperamos estimular futuras discussões sobre a natureza de práticas contemplativas e sobre como o estudo científico da meditação pode nos ajudar a entender melhor as causas e condições do florescimento humano.

Quadro 1. Formas de Meditação Atencional 

Em ambos contextos tradicional e clínico, a capacidade de sustentar uma consciência aguçada de pensamentos, comportamentos, emoções e percepções é vista como a característica central da meditação de atenção plena [18,20,28,96-98]. Apesar da considerável discussão com respeito à natureza exata da prática de atenção plena e sua relação com seu construto de atenção plena em abordagens do budismo tradicional [28,99-102], há uma concordância geral de que o processo cognitivo a que nos referimos como metaconsciência desempenha um papel fundamental em um amplo espectro de práticas de meditação. Seguindo nossa categorização publicada anteriormente [11], aqui nós propomos duas categorias principais de meditação atencional, juntamente com duas novas subcategorias que permitem uma discussão mais sutil de estilos diferentes de prática nesta família.

Atenção focada (AF) – Práticas de atenção focada envolvem um estreitamento do escopo da atenção e o cultivo da concentração focada em um único objeto [11,48]. A presença de metaconsciência distingue a estabilidade atencional atingida por meio desta forma de meditação das outras formas de absorção, como atenção estável, que ocorre quando alguém está engajado em uma conversação envolvente ou jogando um jogo interessante.

Monitoramento aberto (MO) – As práticas de monitoramento também envolvem o cultivo da metaconsciência, mas elas não envolvem a seleção de um objeto específico para orientar a atenção do indivíduo. Ao contrário, o escopo de atenção é expandido para incorporar o fluxo de percepções, pensamentos, conteúdo emocional, e/ou consciência subjetiva. A meditação MO pode ser dividida em monitoramento aberto orientado pelo objeto, que envolve dirigir a atenção do indivíduo a quaisquer pensamentos, percepções e sensações que entrem no campo da consciência, e monitoramento aberto dirigido à consciência, referindo-se ao reconhecimento sustentado da qualidade do saber da própria consciência. Ambos os tipos de meditação de monitoramento aberto são similares de muitas maneiras às práticas discutidas abaixo no contexto da família desconstrutiva. O que os distingue das formas de meditação desconstrutiva é que seu objetivo primário é a estabilização da metaconsciência em relação a uma configuração atencional particular. Como veremos abaixo, na família desconstrutiva, uma configuração semelhante de atenção pode ser empregada, mas para propósitos diferentes (como o cultivo do insight sobre a natureza da experiência sensorial, por exemplo).

Quadro 2. Ética e Formas de Meditação Construtiva

O cultivo de qualidades virtuosas é um objetivo comum em muitas tradições contemplativas e filosóficas [27,79,103]. A família de meditação construtiva é um método importante que permite esse cultivo. Embora as práticas desta família necessitem da presença da metaconsciência, e também servem para fortalecer e sustentar a metaconsciência, a abordagem tomada nesta família é marcadamente diferente das práticas da família atencional, na medida que este estilo de prática envolve a mudança ativa de conteúdo cognitivo e afetivo, em oposição a simplesmente observar ou notar a presença de pensamentos, emoções e percepções.

Apesar de haver muitos diferentes estilos construtivos de meditação, nós identificamos três importantes subgrupos, aos quais nos referimos como orientação ao relacionamento, orientação aos valores e orientação à percepção. A orientação ao relacionamento enfatiza cultivar relações harmoniosas com os outros. Na meditação budista, este estilo de prática frequentemente envolve estender a bondade e a compaixão primeiramente a indivíduos específicos, e finalmente a todos os seres [104]. Este subgrupo de meditação pode impactar fatores psicológicos específicos, ao reduzir atitudes tendenciosas dentro do grupo, por exemplo [105], e por isso enriquecer dimensões importantes do bem-estar, como relações positivas e significado na vida [2].

As práticas no subgrupo orientação aos valores envolvem a integração de abordagens éticas ou valores na perspectiva contínua de alguém. Uma prática comum nesse subgrupo é a contemplação da própria mortalidade, que é encontrada na prática budista, assim como na filosofia greco-romana. Na filosofia platônica, por exemplo, contemplações da morte funcionaram para trazer o indivíduo em contato com um sentido de eu que transcende as margens e necessidades de um corpo físico [27], enquanto que no budismo, contemplar a fragilidade e a natureza fugaz da vida é frequentemente usado para reorientar a mente em relação ao que é realmente significativo na vida [106].

Práticas que envolvem a orientação à percepção buscam alterar hábitos de percepção como modo de induzir mudanças no autoesquema subjacente. Uma prática comum no budismo tibetano, por exemplo, é a chamada “estágio de desenvolvimento”[107], uma forma de meditação que busca alterar tanto a percepção de objetos sensoriais quanto a própria perspectiva subjetiva. Essa mudança da percepção pode ser instanciada ao imaginar-se como a incorporação da compaixão, por exemplo, e ver outros indivíduos e seu próprio ambiente a partir dessa perspectiva. Dados preliminares sugerem que esta prática pode enriquecer a habilidade de acessar recursos processuais visuoespaciais ampliados [15].

Quadro 3. Empatia, Compaixão e o Cérebro

Uma das práticas mais amplamente estudadas na família construtiva é o cultivo da compaixão. O treino da compaixão é realizado para alterar processos essenciais relacionados ao indivíduo, iniciando uma mudança de padrões cognitivos, afetivos e comportamentais orientados ao próprio indivíduo para padrões orientados ao bem-estar dos outros [108]. No campo da psicologia, a empatia é caracterizada como a habilidade de compreender ou ressoar com o estado emocional do outro [109-112] e compaixão como a preocupação com o sofrimento de outro acompanhada pela motivação de ajudar [109,113]. Na ausência da compaixão, o sofrimento empático pode levar a um efeito negativo [64,114], enquanto a compaixão está associada com bem-estar e emoções positivas [114,115].

Pesquisa com correlatos neurais da empatia encontraram que regiões semelhantes, incluindo a ínsula, os córtices cingulados anterior e medial, e a área motor suplementar são ativados por várias formas de empatia [111,116,117]. Por meio de contraste, a compaixão está ligada a regiões associadas com recompensa, influência positiva, e sentimentos de afeição, como o corpo estriado ventral e o córtex orbitofrontal medial [70,114]. Estudos sobre treino de compaixão também encontraram maior ativação nas regiões associadas com função executiva, incluindo o córtex pré-frontal dorsolateral [118] e o córtex cingulado anterior [70,119]. Apesar de serem necessárias pesquisas suplementares para determinar os papéis singulares que cada uma dessas regiões desempenha no desenvolvimento da compaixão, estes resultados preliminares sugerem que cultivar a compaixão fortalece múltiplas redes, cada uma das quais pode afetar processos psicológicos distintos e, assim, contribuir para o bem-estar de diferentes modos.

A empatia e a compaixão também afetam a biologia periférica do corpo humano. Perceber o estresse em outro indivíduo tem sido ligado a elevados índices de cortisol, uma relação que é mais sólida naqueles com grau de empatia alto [120], enquanto que a compaixão tem sido ligada a níveis mais baixos de reatividade do cortisol [121]. Estudos preliminares de treinamento de compaixão encontraram associações entre o tempo dedicado ao treinamento da compaixão e biomarcadores inflamatórios; com mais treinamento de compaixão levando à redução tanto de proteína c reativa quanto de interleucina (IL)-6 [122,123]. Esses resultados sugerem que a mente pode ser treinada a se orientar para o bem-estar de outros e que essa mudança de si mesmo para o outro afeta tanto o cérebro quanto a biologia periférica do corpo, em particular o modo como o corpo responde ao estresse ambiental. Pesquisas adicionais são requeridas para elucidar os mecanismos precisos pelos quais esses estados afetam o corpo, e também investigar como as mudanças na biologia periférica afetam reciprocamente os processos psicológicos e a relação entre esses processos e o bem-estar.

Quadro 4. Reificação Cognitiva e Formas de Meditação Deconstrutiva

A família desconstrutiva representa uma gama de práticas de meditação que emprega o autoquestionamento para provocar insight sobre a natureza e a dinâmica da experiência consciente. Nós identificamos três subgrupos da família desconstrutiva: insight orientado ao objeto, insight orientado ao sujeito e insight não dual. Práticas de insight orientado ao objeto empregam autoquestionamento para investigar os objetos da consciência. Isso envolve, por exemplo, investigar sensações físicas e notar como elas estão mudando constantemente [102]. Práticas de insight orientado ao sujeito envolvem questionamentos sobre a natureza do pensamento, percepção e outros processos cognitivos e afetivos. Neste estilo de prática o indivíduo pode, por exemplo, dissecar pensamentos e emoções em suas partes componentes [72]. As práticas não duais são planejadas para provocar uma mudança para um modo de experienciar no qual as estruturas cognitivas do eu/outro e sujeito/objeto não são mais o modo dominante da experiência. Essas práticas frequentemente enfatizam a importância de liberar as tentativas de controlar, dirigir ou alterar a mente de qualquer modo e também servem para desfazer a reificação de um “observador” testemunha que seja separado dos objetos da consciência [14,100]. O objetivo de todos os três estilos de prática na família desconstrutiva não é simplesmente manter a consciência de diferentes aspectos da experiência, como nós achamos na família atencional, mas sim ganhar diretamente um insight experiencial sobre a natureza e a dinâmica da experiência.

Apesar de as meditações desconstrutivas serem usadas para questionar sobre muitas facetas da experiência consciente, a natureza do eu é um tópico de questionamento em uma ampla gama de práticas contemplativas e filosóficas. Para dar dois importantes exemplos, o exame do eu está ligado ao “bem maior” na filosofia grega [27] e é visto como a chave para dissolver o ciclo do sofrimento no budismo [78]. Na meditação budista, o alvo primário de muitas práticas de autoquestionamento é a reificação cognitiva, a crença implícita de que os pensamentos, emoções e percepções são representações acuradas da realidade [124]. Práticas desconstrutivas nessa tradição estão especialmente relacionadas à visão de que o eu é sólido e unitário, uma vez que se acredita que um senso reificado do eu seja a causa primária do sofrimento e de estados de descontentamento [78]. Práticas budistas desconstrutivas, portanto, frequentemente envolvem a exploração da experiência de subjetividade por meio de questionamento dos vários componentes que compreendem o eu, por exemplo [125], ou pelo exame da relação entre o eu como agente ou observador e os objetos com que ele interage [126].

Questões Importantes

    1. Como as várias formas de treinamento das três famílias interagem umas com as outras? Existe uma sequência ótima ou ela depende do indivíduo? Quais são os efeitos da ordem das práticas individuais?
    2. Em que nível os efeitos de meditações específicas se apoiam nas abordagens, crenças e visões universais que sustentam essas práticas?
    3. Como os autoesquemas surgem ao longo da ontogenia, que funções eles têm e como eles se relacionam com as diferentes facetas do bem-estar?
    4. A metaconsciência é distinta dos conceitos relacionados como o distanciamento psicológico e a introspecção? Como ela se relaciona com outras formas de atenção, como atenção comum? Quais são seus marcadores neurais e comportamentais?
    5. Como a metaconsciência media mudanças em outros processos, como na regulação da emoção, em função gerencial e em desaprender hábitos?
    6. Como o treinamento em compaixão e outras práticas da família construtiva afetam processos específicos relacionados ao eu? Como as mudanças nesses processos poderiam enriquecer diferentes campos do bem-estar?
    7. Como o insight e a reificação cognitiva são efetivamente medidas no comportamento, no cérebro e na fisiologia periférica?

Destaques

São propostos mecanismos específicos e alvos de diferentes formas de meditação.

Nós apresentamos modelos de meditação atencional, construtiva e desconstrutiva.

Nós discutimos metaconsciência, fusão experiencial, autoesquema, autoquestionamento e insight.

Tabela 1. Tipologia de Práticas de Meditação e intervenções Clínicas Relacionadas

Esta tipologia agrupa as formas de meditação mais comuns e as intervenções clínicas baseadas em meditação em subcategorias de cada uma das três famílias. Note que enquanto muitas práticas contêm elementos de todas as três famílias, as categorizações nesta abordagem são baseadas nos mecanismos primários de práticas individuais. Dada a complexidade de cada prática listada aqui, nós apresentamos este sistema como um passo inicial no longo processo de estudo da diversidade de práticas de meditação. Veja Materiais Suplementares para descrição das práticas individuais e citações relevantes.

Família Atencional

Família Construtiva

Família Desconstrutiva

Atenção Focada (AF)

. Prática de Jhana (Theravada)
. Contagem da Respiração (Zen)
. Práticas de Consciência Corporal (Zen/Tibetano)
. Shamata/Calmo Permanecer com Suporte (Tibetano)
. Recitação de Mantras (várias tradições)

Orientação das Relações (R-C)
. Bondade Amorosa e Compaixão (Theravada, Tibetano).
Bodhichitta/Voto Bodhisattva (Tibetano/Zen)
. Prece Centrada (Cristã)
. Treino de Cultivo da Compaixão do CCARE (clínico)
. Treinamento da Compaixão com Base Cognitiva – Componente da Compaixão (clínico).

Insights orientados ao objeto (I-OO)
. Terapia Cognitiva baseada na Atenção Plena – Componente Cognitivo (clínico)
. Primeira e Segunda Fundações da Atenção Plena (Theravada/Tibetana)
. Vipassana/Insight (Theravada)
. Meditação Analítica (Tibetana)
. Prática do Koan (Zen)

 

Monitoramento Aberto (Orientado ao Objeto: MA-O)

. Cultivo da Atenção (filosofia greco-romana)
. Consciência sem Chance de Escolha (Tibetano)
. Redução do Estresse Baseado na Atenção Plena (clínica)
. Terapia de Comportamento Dialético – Componente de Atenção Plena (clínica)
. Terapia Cognitiva Baseada da Atenção Plena – Componente da Atenção Plena (clínica)
. Terapia de Aceitação e Compromisso – Componente da Atenção Plena (clínica)

 

Orientação aos Valores (C-V)
. As Seis Recordações (Theravada)
. Os Quatro Pensamentos (Tibetano)
. Contemplações de Mortalidade (Theravada, Tibetano, Zen, filosofia greco-romana)
. Terapia de bem-estar (clínica)

 

Insight Orientado ao Sujeito (I-OS)
. Terapia de Comportamento Cognitivo (clínica)
. Terceira e Quarta Fundações da Atenção Plena (Theravada, Tibetano)
. Meditação Analítica Mahamudra (Tibetana)
. Meditação Analítica Dzogchen (Tibetana)
Prática do Koan (Zen)

Monitoramento aberto
(Orientado ao Sujeito: MAO-S)
. Shamata/ Calmo Permanecer sem Suporte (Tibetana)

Orientação à Percepção (O-P)
. Estagio de Desenvolvimento (Tibetano)
. Meditação de Foulness (Theravada)

Insight com Orientação Não Dual. (I-ON)

Muraqaba (Sufi)
. Mahamudra (Tibetano)
. Dzogchen (Tibetano)
. Shikantaza (Zen)
. Autoquestionamento (Advaita Vedanta)

Materiais Suplementares

Seção 1. Descrições e Citações para a Tipologia de Práticas de Meditação e Intervenções Clínicas Relacionadas
As descrições seguintes correspondem às práticas de meditação e intervenções clínicas listadas na Tabela 1 do artigo principal. Para ilustrar, nós incluímos uma citação relevante para cada item. Ressaltamos que muitas das práticas listadas a seguir são híbridas e portanto incluem elementos de múltiplas famílias. Este sistema de classificação agrupa as práticas segundo seus mecanismos cognitivos primários. A inclusão de práticas individuais em famílias específicas não pretende indicar que elas estejam exclusivamente relacionadas à atenção, ao cultivo de qualidades particulares, ou à desconstrução de padrões cognitivos e/ou afetivos desadaptativos.

Família Atencional – Atenção Focada (AF)

Prática de Jhana é uma forma de meditação encontrada no budismo clássico e amplamente praticada na Escola Theravada. Esta forma de meditação envolve manter a atenção em um único objeto, como a respiração ou um estado afetivo, como a compaixão [S1].

Contagem da Respiração, amplamente praticada em muitas tradições budistas, envolve manter a atenção nos movimentos da respiração enquanto conta mentalmente as inalações e exalações [S2].

Práticas de Consciência Corporal envolvem dirigir a atenção a áreas específicas do corpo, como o ponto abaixo do umbigo, e manter a consciência nessa área por períodos prolongados de tempo. Esta forma de prática é comumente encontrada em muitas escolas de budismo. Nota: esta forma de prática difere das práticas de consciência corporal que envolvem varredura do corpo e não em sustentar o foco em um ponto ou área [S3].

Shamatha (também conhecida como calmo permanecer ou tranquilidade) com Suporte, uma forma comum de treino de meditação no Budismo Tibetano, envolve repousar a atenção em um aspecto específico de experiência. Este objeto pode ser uma percepção sensorial (como um objeto visual ou sensação física), um pensamento (como uma palavra ou som repetidos mentalmente, ex. um mantra), ou uma emoção (como a compaixão). Esta forma de meditação é similar em muitos aspectos à mencionada prática de Jhana [S4].

Recitação de mantras é praticada na maioria das principais religiões e envolve a repetição de uma palavra ou frase sagrada, por meio do que, a mente se torna gradativamente mais calma, e aspectos sutis da consciência são acessados. Este estilo de meditação é talvez mais amplamente praticado na Meditação Transcendental (MT), apesar de que MT também envolve elementos da família desconstrutiva [S5].

Família Atencional – Monitoramento Aberto (Orientado ao objeto – MA-O)

O Cultivo da Atenção foi considerado um exercício fundamental em várias formas de filosofia greco-romana, especialmente na Escola Estoica, onde foi referido como Do mesmo modo que a prática de consciência sem escolha descrita abaixo, o cultivo da atenção frequentemente envolvia trazer a consciência para vários aspectos da experiência do momento presente [S6].

    1. Consciência sem Escolha, uma prática encontrada no Budismo Tibetano, envolve liberar o foco da atenção de um objeto específico e manter a consciência em quaisquer pensamentos, sentimentos, ou percepções que surjam como objetos no campo da consciência [S4].

    2. Redução do Estresse baseada na Atenção Plena – é uma intervenção clínica que emprega uma variedade de práticas atencionais com elementos desconstrutivos, com a intenção de cultivar uma consciência do momento presente, sem julgamentos, das várias facetas da experiência psicofisiológica [S7].

    3. Terapia do Comportamento Dialético é uma intervenção clínica designada para ajudar no tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline. A consciência do momento presente da experiência é um dos quatro principais componentes desta abordagem [S8].

Terapia Cognitiva baseada na Atenção Plena é uma intervenção clínica que emprega elementos da Terapia de Comportamento Cognitivo (incluída na família desconstrutiva) juntamente com práticas relacionadas à meditação, que favorecem a consciência do momento presente de processos cognitivos, afetivos e perceptivos [S9].

Terapia de Aceitação e Compromisso é um processo terapêutico que inclui o cultivo da consciência do momento presente como um de seus componentes primários [S10].

Família Atencional – Monitoramento Aberto (Orientado ao Sujeito – MAO-S)

      • Shamatha (também conhecida como calmo permanecer ou tranquilidade) sem Suporte, também referida como meditação da “consciência aberta”, é uma forma comum de treino de meditação no Budismo Tibetano. Esta prática envolve liberar a orientação da atenção dirigida a um objeto e, em lugar disso, manter a consciência no processo de saber [S4].

Família Construtiva – Orientada ao Relacionamento (R-C)

Bondade Amorosa e Compaixão, comumente praticada no Budismo Tibetano e Theravada, envolve cultivar e manter, sistematicamente, o cuidado ativo e a preocupação para aliviar o sofrimento (compaixão) ou alimentar a felicidade (bondade amorosa) do objeto de meditação de alguém, que pode ser a própria pessoa, outro ser, ou todos os seres [S11].

Meditações de Bodhichitta são um corpo de práticas, comumente praticadas tanto no Zen Budismo quanto no Budismo Tibetano, que giram em torno de cultivar a aspiração e o compromisso ativo de ajudar todos o seres a alcançar a completa liberação do sofrimento e insatisfatoriedade e a incorporar plenamente a sabedoria e a compaixão [S12].

      • Prece de Centramento é uma prática contemporânea extraída da tradição mística católica que envolve repetir uma palavra sagrada para se conectar com a presença do divino [S13].

      • Treino de Cultivo da Compaixão (TCC) é um programa que emprega práticas contemplativas planejadas para aprimorar a resiliência, relações interpessoais e bem-estar [S14].

      • Treino de Compaixão baseado na cognição, enraizado nas práticas contemplativas budistas, é um programa de treinamento secular que inclui elementos de todas as três famílias. A ênfase principal nesta abordagem é ajudar os indivíduos a treinar suas mentes de modo que as respostas compassivas se tornem automáticas [S15].

Família Construtiva – Orientada a Valores (C-V)

      • As Seis Recordações são uma prática tradicional do Budismo Theravada que envolve contemplar uma série de tópicos, incluindo recordações das qualidades positivas da virtude e generosidade, de modo a acalmar e estabilizar a mente [S16].

      • Os Quatro Pensamentos são uma prática tradicional do Budismo Tibetano que envolve contemplar a preciosidade da vida humana, morte e impermanência, o princípio da causalidade, e a natureza pervasiva do sofrimento e insatisfatoriedade. O objetivo principal dessas contemplações é promover a priorização dos objetivos que irão conduzir ao bem-estar de longa duração, ao invés de ganhos de curta duração [S12].

      • Contemplação da Mortalidade é uma prática comum a muitas formas de Budismo na qual um indivíduo contempla a fragilidade da vida, as muitas circunstâncias que podem levar à morte, e outros tópicos que visem a colocar o meditante em contato com sua própria mortalidade. Há vários objetivos para estas práticas, incluindo acalmar a mente e estabilizar a atenção, mas um dos objetivos primários é reorientar a mente em direção ao que é verdadeiramente significativo e de benefício duradouro [S17].

      • Terapia de Bem-estar é uma estratégia psicoterapêutica desenhada para incrementar o bem-estar. É baseada no modelo de Carol Ryff de bem-estar psicológico, que compreende seis áreas: domínio ambiental, crescimento pessoal, propósito na vida, autonomia, autoaceitação e relações positivas com os outros [S18].

Família Construtiva – Orientada à Percepção (O-P)

Estágio de Desenvolvimento é uma forma de meditação comumente praticada no Budismo Tibetano que emprega a imaginação e visualização criativa. Uma técnica comum é se imaginar como um ser iluminado que incorpora plenamente a sabedoria e a compaixão. O objetivo destas práticas é romper os processos de percepção que estejam orientados a qualidades e circunstâncias indesejáveis, e a cultivar uma visão do mundo e de outros indivíduos como incorporações da sabedoria e compaixão [S19].

      • Meditação em Foulness é uma forma de contemplação da tradição budista mais antiga e correntemente praticada na tradição Theravada. O objetivo principal desta prática é enfraquecer a luxúria e o desejo sexual através de imaginar o corpo humano em vários estados de decomposição e também por dissecar mentalmente o corpo em suas partes componentes. Isto é frequentemente praticado por monges e monjas celibatários com objetivo de ajudar a manter seus votos monásticos [S16].

Insight Orientado ao Objeto (I-OO)

      • Primeira e Segunda Fundações da Atenção Plena são práticas clássicas budistas, comuns a todas as formas de Budismo, mas mais amplamente praticadas na Escola Theravada. Nas duas primeiras das quatro fundações, a ênfase é trazer consciência a vários aspectos do corpo e condições de sensibilidade de modo a realizar, por exemplo, sua natureza transitória [S20].

      • Meditação Vipassana/Insight é um termo geral para uma classe de meditações, amplamente praticada no Budismo Theravada, que busca gerar insight experiencial na natureza da experiência. Esta classe de meditações frequentemente inclui elementos de práticas de insight orientadas tanto ao objeto quanto ao sujeito [S21].

      • Meditação Analítica, comumente praticada no Budismo Tibetano, refere-se a uma forma de contemplação na qual o indivíduo investiga experiencialmente e/ou analisa logicamente crenças e visões ontológicas, especialmente relacionadas à natureza do eu [S22].

Insight Orientado ao Sujeito (I-OS)

      • Terapia de Comportamento Cognitivo é uma forma de psicoterapia que foca em aliviar sintomas de depressão, ansiedade, e outros problemas psicológicos através de ajudar os pacientes a mudar seu modo de pensar, comportamento, respostas emocionais, e o autoesquema desadaptativo que os embasa [S23].

      • Terapia Cognitiva Baseada na Atenção plena, mencionada anteriormente na seção de meditação atencional, emprega tanto técnicas de atenção plena quanto aspectos da Terapia de Comportamento Cognitivo [S9].

      • Terceira e Quarta Fundações da Atenção Plena são práticas clássicas budistas comuns a todas as formas de budismo, mas mais amplamente praticadas na Escola Theravada. Na terceira e quarta das quatro fundações, a ênfase é trazer consciência a vários estados de consciência e aos elementos da experiência psicofisiológica (darmas) [S20].

      • >Meditação Analítica de Dzogchen e Mahamudra são práticas do Budismo Tibetano, que empregam investigações experienciais da consciência para verificar sua essência e natureza [S24].

Insight – com Orientação Não-dual (I-ON)

      • Muraqaba é uma prática contemplativa encontrada na tradição Islâmica Sufi na qual o senso de identidade individual se dissolve e o ser se funde com o divino. Na prática, esta forma de meditação avança em estágios que envolvem obter acesso a aspectos de consciência progressivamente mais sutis [S25].

      • Mahamudra é uma prática budista tibetana pela qual um estudante é guiado a uma experiência direta da essência não-dual de consciência, na qual não existe a sensação de ser um observador ou agente que permanece fora dos objetos da consciência. Após essa introdução, a prática primária envolve retornar a esse reconhecimento vez após vez até que ele se estabilize e possa ser integrado a várias atividades e estados psicológicos [S26].

      • Dzogchen é, como Mahamudra, uma prática budista tibetana que enfatiza o repouso sem esforço na essência não-dual da consciência [S27].

      • Prática de Koan, comumente praticada no Zen Budismo, emprega histórias e frases paradoxais para demonstrar a inadequação de conceitos e a propiciar uma experiência direta de sabedoria não-conceitual [S28].

      • Shikantaza é uma prática zen-budista na qual o simples ato de sentar, sem esforço ou artifício, expressa a presença da mente desperta, uma experiência não-conceitual na qual a estrutura dualística da consciência se desfaz [S29].

      • Autoquestionamento é uma prática de Advaita Vedanta, uma tradição hindu de prática contemplativa, que envolve cultivar uma consciência sustentada do senso de identidade pessoal até que tudo se desfaça, conduzindo a uma experiência de consciência não-dual [S30].

Citações

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S21     Goldstein, J. (2003) Insight Meditation: The Practice of Freedom, Shambhala Publications.

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S26     Rinpoche, K.T. (2004) Crystal Clear: Practical Advice for Mahamudra Meditators, Rangjung Yeshe Publications.

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S28     Kapleau, P. (1980) The three pillars of Zen, Doubleday.

S29     Dogen, E. (2004) Beyond thinking: A guide to Zen meditation. (K. Tanahashi, Trans.) Boston: Shambala., Shambhala Publications.

S30     Maharshi, R. (1985) Be as you are: The teachings of Sri Ramana Maharshi, Arkana.

[1] Waisman Laboratory for Brain Imaging and Behavior, University of Wisconsin-Madison, 1500 Highland Avenue, Madison, WI 53705-2280, USA

[2] Center for Investigating Healthy Minds, University of Wisconsin-Madison, WI 53705-2280, USA

[3] Lyon Neuroscience Research Center, INSERM U1028, CNRS UMR5292, Lyon, France

[4] Lyon 1 University, Lyon, France

[5] Department of Psychology, University of Wisconsin-Madison, WI 53705-2280, USA

Glossário de Termos

Família Atencional – Uma classe de práticas de meditação que fortalece a autorregulação de vários processos atencionais, especialmente a habilidade de iniciar e sustentar a metaconsciência. Algumas formas de meditação desta família envolvem um estreitamento do escopo de atenção, enquanto outras envolvem liberar o controle atencional e trazer a consciência para o que quer que entre no campo da consciência.

Reificação Cognitiva – A experiência de pensamentos, emoções e percepções como sendo representações acuradas da realidade, em particular a crença implícita de que o eu e os objetos da consciência são inerentemente sólidos, unitários e independentes das condições e circunstâncias do entorno. Na tradição budista, a reificação cognitiva é um alvo primário nos estilos desconstrutivos de meditação.

Família Construtiva – Uma família de práticas de meditação que permite cultivar, alimentar ou fortalecer padrões cognitivos e afetivos que promovem o bem-estar. Práticas desta família podem visar promover dinâmicas interpessoais saudáveis para fortalecer o compromisso com valores éticos ou alimentar hábitos de percepção que conduzam ao enriquecimento do bem-estar. A tomada de perspectiva e reavaliação cognitiva são mecanismos importantes neste estilo de meditação.

Fusão Experimental – Um processo automático pelo qual o indivíduo se absorve no conteúdo da consciência, levando à redução da capacidade de monitorar e/ou regular processos psicológicos. Nos estilos atencionais de meditação este processo é sistematicamente enfraquecido por meio do cultivo da metaconsciência e regulação a atenção. A fusão experiencial é também indiretamente enfraquecida nas famílias construtiva e desconstrutiva.

Família Desconstrutiva – Uma família de práticas de meditação que emprega autoquestionamento para promover insight sobre o processo de percepção, emoção e cognição. As práticas de meditação desconstrutiva podem ser dirigidas aos objetos de consciência ou à própria consciência.

Insight – Uma mudança na consciência que frequentemente é repentina e envolve uma sensação de saber, compreender ou perceber algo que anteriormente escapava à compreensão. Nas práticas de meditação desconstrutivas, o insight é frequentemente obtido através do autoquestionamento e pertence a processos psicológicos autorrelacionados específicos que informam o bem-estar.

Metaconsciência – Consciência ampliada dos processos da consciência, incluindo os processos de pensar, sentir e perceber. Simultaneamente com a regulação do escopo e da estabilidade da atenção, o cultivo da metaconsciência é um importante objetivo nos estilos atencionais da prática de meditação. Ele é também reforçado indiretamente nas famílias construtiva e desconstrutiva.

Atenção Plena – Um termo que é definido diferentemente em contextos budistas e contemporâneos, mas que frequentemente se refere a uma postura atencional autorregulada, orientada à experiência do momento presente, caracterizada pela curiosidade, abertura e aceitação. Em algumas contextos budistas tradicionais, a atenção plena é equivalente aos processos psicológicos a que nos referimos aqui como metaconsciência.

Tomada de Perspectiva – O processo de considerar como um ou outro pensaria ou sentiria em uma situação particular.

Reavaliação – O processo de mudar o modo como alguém pensa ou sente sobre situações e eventos de tal maneira que a sua resposta a eles também se altera.

Autoquestionamento – A investigação da dinâmica e da natureza da experiência consciente, particularmente em relação aos pensamentos, sentimentos e percepções que pertencem ao sentido de eu. O autoquestionamento pode ser um mecanismo importante nas meditações desconstrutivas, pela sua contribuição em facilitar o insight.

Autoesquema – Representações mentais do eu que sintetizam informações dos campos cognitivo e/ou afetivo. Os estilos construtivos de meditação frequentemente envolvem o desenvolvimento e/ou o fortalecimento de autoesquemas adaptativos.

Notas de Rodapé

Nota do publicador: Este é um arquivo em PDF de um manuscrito não editado que foi aceito para publicação. Como um serviço a nossos clientes, nós estamos fornecendo esta versão prévia. O manuscrito deverá sofrer revisão geral antes de ser publicado na sua forma final. Durante o processo de produção podem ser descobertos erros que podem afetar o conteúdo.

Informações sobre o Artigo

Trends. Cogn. Sci. Manuscrito do autor; disponível em PCM 2016, setembro, 1.

Publicação final: Trends. Coggn. Sci. 2015 Sep; 19(9): 515-523. Published on-line 2015 Jul 28. Doi: 10.1016/j.tics.2015.07.001

PMCID: PMC4595910

NIHMSID: NIHMS709555

PMID: 26231761

Cortland J. Dahl,1,2 Antoine Lutz,1,2,3,4 and Richard J. Davidson1,2,5

1 Center for Investigating Healthy Minds, University of Wisconsin-Madison, WI 53705-2280, USA

2 Waisman Laboratory for Brain Imaging and Behavior, University of Wisconsin-Madison, 1500 Highland Avenue, Madison, WI 53705-2280, USA

3 Lyon Neuroscience Research Center, INSERM U1028, CNRS UMR5292, Lyon, France

4 Lyon 1 University, Lyon, France

5 Department of Psychology, University of Wisconsin-Madison, WI 53705-2280, USA

Corresponding author: Davidson, R.J. (ude.csiw@sdivadjr)

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Cortesia da equipe de traduções Contemplativas: Trad. Sueli Martinez, revisão: Lama Jigme Lhawang

Fonte: “Reconstructing and deconstructing the self: Cognitive mechanisms in meditation practice”. Para ver o original em inglês clique AQUI

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