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Definindo a Ciência Contemplativa - Ciência Contemplativa

Definindo a Ciência Contemplativa

Definindo a Ciência Contemplativa: A Capacidade Autorreguladora Metacognitiva da Mente, o Contexto de Prática de Meditação e Modos de Consciência Existencial

DUSANA DORJEE. School of Psychology, Bangor University, Bangor, Reino Unido

O termo ‘contemplativo’ tem sido usado frequentemente no próspero campo da pesquisa meditativa. Entretanto, não há consenso sobre a definição de ciência contemplativa. Os estudos sobre meditação geralmente pressupõem que as práticas contemplativas, como mindfulness ou compaixão, são temas da ciência contemplativa. Tal enfoque, discutivelmente, contribui para as confusões terminológicas nesse campo, não conduz ao desenvolvimento de uma teoria abrangente em ciência contemplativa, e obscurece suas características metodológicas singulares. Este artigo descreve uma abordagem alternativa para definir ciência contemplativa, que foca na pesquisa sobre as capacidades, processos e estados fundamentais da mente modificados pelas práticas contemplativas. Propõe-se que ciência contemplativa seja um estudo interdisciplinar da capacidade autorreguladora metacognitiva (MSRC) da mente e modos associados de consciência existencial (MEA), modulados por fatores motivacionais/intencionais e contextuais de práticas contemplativas. A MSRC é uma propensão natural da mente que habilita a consciência introspectiva dos processos mentais e comportamento, e é um pré-requisito necessário para a autorregulação efetiva que sustenta o bem-estar. Dependendo dos fatores motivacionais/intencionais e contextuais da prática de meditação, mudanças nos processos autorreguladores metacognitivos habilitam mudanças nos MEA, que determinam nosso senso de self e realidade. Presume-se que as mudanças no processo conceitual sejam mediadores essenciais entre a MSRC, os fatores motivacionais/intencionais, o contexto da prática de meditação e as modulações nos MEA. O treinamento em meditação estimula e ajusta a MSRC da mente e promove o desenvolvimento dos fatores motivacionais/intencionais com o objetivo último de facilitar MEA cada vez mais avançados. As implicações da estrutura proposta para definições de mindfulness e para futuras pesquisas sistemáticas sobre tradições e práticas contemplativas são discutidas neste artigo. Sugere-se que a definição aqui proposta de ciência contemplativa pode reduzir os desafios terminológicos nesse campo e o tornem mais inclusivo da variedade de práticas contemplativas. Sobretudo, este enfoque pode encorajar o desenvolvimento de uma teoria de ciência contemplativa mais compreensiva, que reconheça a importância essencial de métodos de questionamento em primeira e segunda pessoas, assim contribuindo singularmente para a nossa compreensão da mente.

Introdução

Pesquisas que investigam técnicas baseadas em meditação têm se expandido e desenvolvido grandemente ao longo das duas últimas décadas – não apenas em número de estudos, mas também considerando-se a variedade de técnicas de meditação investigadas, qualidade da pesquisa, suas aplicações e a compreensão dos possíveis mecanismos subjacentes. Enquanto a pesquisa sobre mindfulness domina o campo, números crescentes de estudos investigam compaixão (p.e., Pace et al., 2009; Desbordes et al., 2012), práticas de meditação baseadas na visualização (p.e., Kozhevnikov et al., 2009), equanimidade (p.e., Desbordes et al., 2014), etc.; e há também repetidas solicitações para mais estudos sobre meditação não budista (p.e., Dahl et al., 2015). Na pesquisa sobre intervenção baseada na meditação, estudos ao acaso com controles ativos estão se tornando um padrão de referência (p.e., Williams et al., 2014; Malinowski et al., 2015), e meta-análises mais rigorosas estão fornecendo evidências cumulativas mais fortes (p.e., Warren et al., 2016). A compreensão dos possíveis mecanismos que levam ao maior bem-estar em consequência dos efeitos da meditação também avançou, particularmente devido a avanços teóricos (p.e., Shapiro et al., 2006; Garland et al., 2015) e pesquisa neurocognitiva (p.e., Tang et al., 2015). Todo esse crescimento sugere que o campo está se distanciando das questões iniciais, que eram as de se investigar se a meditação pode produzir alterações mensuráveis na saúde e bem-estar, e indo em direção ao crescente rigor científico nos estudos com foco especial em técnicas de como a meditação modifica a mente e o cérebro.

Esse desenrolar desde um estágio inicial para um mais maduro na pesquisa sobre meditação também está começando a destacar alguns desafios persistentes específicos desse campo, como a falta de clareza terminológica (p.e., Rosch, 2007; Nash et al., 2013; Lutz et al., 2015), questões metodológicas específicas (Davidson e Kaszniak, 2015) e a falta de uma teoria geral. Muitos dos problemas terminológicos se relacionam às diferenças no significado de constructos dentro do contexto tradicional budista e a pesquisa atual – o termo ‘mindfulness’ é um claro exemplo disso (Williams e Kabat-Zinn, 2013), juntamente com constructos como ‘percepção direta,’ ‘insight,’ etc. (Rosch, 2007; Dorjee, 2010). Tais confusões apresentam fortes implicações para a pesquisa; por exemplo, se as definições de mindfulness são diferente entre as tradições, não seria apropriado combinar estudos sobre mindfulness secular, estudos com praticantes Zen, meditantes em insight, e praticantes de Budismo Tibetano, ao se examinar o impacto de mindfulness nos mecanismos neurocognitivos (p.e., Tang et al., 2015)?

Os desafios terminológicos parecem se intensificar enquanto a pesquisa sobre meditação se torna mais inclusiva de uma ampla variedade e práticas contemplativas1: variando desde investigação contemplativa e meditação focada na experiência sensorial, passando por recitação e visualização de mantras, e indo até as práticas baseadas em movimento e energia. E mesmo dentro do tipo de prática de meditação como meditação focada (Lutz et al., 2008), nós parecemos encontrar grandes diferenças dependendo do contexto da prática (p.e., espiritual/religiosa ou secular), do objeto (respiração, imagens sagradas, contemplação verbal, etc.), e do formato da prática contemplativa (diferentes tipos de retiro, prática formal e informal).

Todas essas variações podem contribuir para modulações distintivas dos mecanismos psicológicos e neurocognitivos modificados pela meditação, mas são facilmente negligenciadas se nós usarmos categorias gerais de tipos de meditação como objeto de pesquisa em ciência contemplativa. Isso evidencia a necessidade de maior distinção entre as práticas, seus processos e resultados, combinados com uma exigência de integrar as similaridades e diferenças entre as descobertas, em uma forte estrutura teórica específica do assunto. Nesse sentido, crescentes número de estudos teóricos têm abordado temas ligados a definição (p.e., Vago e Silbersweig, 2012) e classificação na pesquisa em meditação (Lutz et al., 2008; Josipovic, 2010; Travis e Shear, 2010; Nash et al., 2013; Dahl et al., 2015).

Além dos desafios terminológicos e de classificação, há temas metodológicos específicos ao campo da ciência contemplativa. O principal deles se relaciona à dimensão introspectiva das práticas contemplativas e à dificuldade associada em se capturar dados em primeira e em segunda pessoa. As informações em primeira pessoa se referem ao aspecto fenomenológico ‘como é’ da experiência de meditação do praticante, ao qual somente o praticante tem acesso. Os dados em segunda pessoa são geralmente fornecidos por um praticante de meditação experiente, geralmente um professor, que pode relatar, de maneira fundamentada, aspectos fenomenológicos da experiência prática de outrem, geralmente um estudante. Esses tipos de dados também precisam ser substancialmente relacionados com dados de terceira pessoa, como avaliações comportamentais, fisiológicas e por imagem (Varela, 1996; Davidson e Kaszniak, 2015; Lutz et al., 2015).

Outro desafio metodológico se relaciona ao contexto das práticas contemplativas (seus aspectos secular, espiritual, ou religioso), que é crescentemente reconhecido em teoria como um fator importante que modula os resultados e mecanismos (p.e., Shapiro et al., 2006; Dorjee, 2010), mas raramente é considerado e avaliado na pesquisa empírica. Assim, a maioria dos estudos traz uma visão limitada de meditação focada em uma prática específica, tirada de um sistema contemplativo complexo, sem uma perspectiva mais sistemática do papel que a prática desempenha na trajetória permanente de bem-estar e propósito da vida de uma pessoa.

Curiosamente, todos esses desafios terminológicos, teóricos e metodológicos parecem apontar para a mesma limitação fundamental do campo que permanece não abordada – a falta de clareza conceitual da ciência contemplativa e de seu objeto de estudo. A maioria dos estudos atuais em meditação pressupõe, implicitamente, que as próprias práticas contemplativas (muitas vezes indistintamente equiparadas a processos e resultados que elas produzem) são o objeto de estudo da pesquisa em ciência contemplativa. Esse pressuposto fundamental poderia estar na essência dos desafios que a ciência contemplativa está enfrentando hoje. Por exemplo, se mindfulness (ou qualquer outra prática contemplativa) como uma prática, capacidade, processo ou resultado é o principal objeto de estudo da ciência contemplativa, as dificuldades conceituais associadas com o termo ‘mindfulness’ têm importância fundamental. Entretanto, se o principal objeto de estudo da ciência contemplativa se define em termos de uma capacidade, processo ou estado da mente geral (não específico da prática), os problemas terminológicos que surgem de definições disparatadas de práticas contemplativas adquirem importância secundária – dificuldades de terminologia associadas com práticas essenciais podem ser grandemente reduzidas por instruções claras de práticas e processos específicos ou resultados que eles tencionem produzir.

Da mesma forma, se a ciência contemplativa é definida em termos de constructos mentais ou cognitivos não específicos a determinadas práticas contemplativas (para evitar equiparar a disciplina e seu objeto com as práticas contemplativas), isso focaria as pesquisas em similaridades e diferenças subjacentes (em termos de mecanismos) entre as práticas, contribuindo para o avanço de uma teoria integrativa da ciência contemplativa. Além disso, definir o objeto de estudo em termos de constructos mentais ou cognitivos poderia criar pontes teóricas, possibilitando considerações focadas no potencial singular da ciência contemplativa de contribuir mais amplamente para a pesquisa na ciência cognitiva e na psicologia.

Finalmente, tal definição de ciência contemplativa poderia também ajudar a esclarecer o foco metodológico da disciplina – se a formulação do objeto de estudo da disciplina enfatiza claramente a importância de se estudar a dimensão experiencial do funcionamento mental e o contexto da prática contemplativa, isso vai exigir a integração dos enfoques em primeira e segunda pessoa e considerações sobre contexto contemplativo em sua metodologia essencial. Alinhado a esse enfoque, este artigo propõe uma possível definição de ciência contemplativa e seu objeto de estudo.

Definindo Ciência Contemplativa

A Capacidade Autorreguladora Metacognitiva da Mente

Autorregulação e Prática Contemplativa

O aprimoramento da autorregulação (SR) como a habilidade de notar e efetivamente manejar pensamentos, respostas emocionais e comportamentos tem sido destacada como o principal mecanismo neurocognitivo de mindfulness – a técnica de meditação mais estudada (Hölzel et al., 2011; Tang et al., 2015). Deixando de lado as diferenças amplamente debatidas das definições de mindfulness (‘sati’ em pali), os processos essenciais da SR – de orientação, mudança e atenção sustentada –, combinados com consciência metacognitiva (‘sampajanna’ em pali, Thera, 1998; Wallace, 1999a) são enfatizados na maioria das definições de mindfulness. Eles são também considerados pré-requisitos essenciais para qualquer prática de meditação no contexto budista. Isso faz o constructo da SR amplamente aplicável a toda pesquisa contemplativa. Entretanto, a SR também é um constructo usado dentro e fora da pesquisa contemplativa, o que destaca a necessidade de se determinar como as práticas de meditação poderiam especificamente acionar a SR (Figura 1).

FIGURE 1

Figura 1. Sistemas e processos essenciais modificados pelo treinamento contemplativo. A capacidade autorreguladora metacognitiva da mente (MSCM) consiste em sistemas e processos interligados de metacognição e atenção, regulação da emoção e processamento conceitual. Mudanças cumulativas na MSCM provocam alterações nos modos de consciência existencial (MEA). Tanto as mudanças na MSCM como as alterações nos MEA são moduladas por fatores motivacionais/intencionais e contextuais de prática contemplativa. Os fatores motivacionais/intencionais também podem ser afetados pelas alterações nos MEA, e de certa forma ser modulados por mudanças na MSCM. Mudanças na MSCM e alterações associadas nos MEA modificam ainda o equilíbrio simpático/parassimpático do sistema nervoso autônomo (SNA), que media o impacto dessas mudanças no bem-estar físico. As mudanças no SNA também afetam a Metacognição e a Atenção, Regulação da Emoção e Processamento Conceitual, principalmente via os mecanismos neuroendócrinos do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA).

Na pesquisa psicológica, a autorregulação é geralmente definida em termos de regulação adaptativa da atenção, dirigida para metas (incluindo dirigir, alterar e sustentar a atenção; Hofmann et al., 2012) e regulação da emoção (permitindo a modulação de respostas a estímulos emocionais; Gross e Thompson, 2007) – processos essenciais para a modulação efetiva do comportamento e em interações sociais.2 Tal definição de SR parece igualmente relevante à pesquisa em ciência contemplativa, mas o treinamento contemplativo enfatiza especialmente um aspecto específico de SR raramente considerado na pesquisa psicológica – a metacognição introspectiva (consciência e conhecimento das sensações corporais, fenômenos mentais e comportamento). É aqui que muitas técnicas de meditação parecem envolver SR de maneira diferente de outros métodos de treinamento de SR, já que notar pensamentos, sentimentos, percepções, afeto e comportamento instantâneos, assim como perceber os seus padrões gerais, é sua marca característica.

Regulação da Emoção no Contexto Contemplativo

Um outro aspecto da SR particularmente visado pelas práticas contemplativas é o de desenvolver qualidades emocionais específicas e estratégias de regulação da emoção. Esses processos de regulação da emoção baseiam-se intimamente nas habilidades de controle de atenção, atenção sustentada e metacognição, e também impactam essas habilidades (veja conexões entre Metacognição/Atenção e Regulação da Emoção na Figura 1). As qualidades de aceitação e não reatividade são mais frequentemente destacadas na pesquisa em meditação (p.e., Bishop et al., 2004; Baer et al., 2008) junto com emoções positivas de bondade amorosa e compaixão (p.e., Hofmann et al., 2011). Algumas tradições igualmente enfatizam a alegria empática e equanimidade (Wallace, 1999b). O treinamento contemplativo visando cultivar essas qualidades e emoções geralmente estimula o desenvolvimento de estratégias singulares de regulação da emoção, envolvendo rotulação afetiva, visualização, contemplações reflexivas, transformação de emoções negativas em suas emoções positivas ‘antídotos,’ etc. Há muitas diferenças importantes entre as tradições contemplativas em termos de sua ênfase nas qualidades, emoções e estratégias particulares. Há também diferenças em termos das práticas que levem ao seu cultivo (p.e., mais implicitamente o treinamento em bondade amorosa e compaixão com enfoque baseado em mindfulness secular; escolas de Budismo Tibetano utilizam uma variedade de práticas baseadas em conceitualização e visualização explícitas, treinando diferentes graus de bondade amorosa, compaixão, regozijo, e equanimidade; e diversas práticas, algumas delas baseadas na visualização, são aplicadas em treinamento contemplativo cristão da Tradição Inaciana). Essas variações merecem muito mais atenção na pesquisa do que elas têm recebido até agora, mas a ênfase geral no cultivo de certos estados e traços afetivos positivos é outra característica da SR singular para esse constructo, dentro do contexto da ciência contemplativa.

Processamento Conceitual, Autorregulação e Prática Contemplativa

Um aspecto adicional de SR, que geralmente não é considerado nos modelos psicológicos de SR, e raramente considerado na pesquisa em meditação, é a contribuição dos processos de linguagem, e mais amplamente o processamento conceitual, para SR. Por exemplo, Farb et al. (2010) encontraram que novatos na meditação mostraram maior ativação na região pré-frontal esquerda e nas áreas de Wernicke do cérebro (possivelmente devido a ruminação), associada com maiores graus de depressão, em comparação com participantes que tinham completado um curso de redução do estresse baseada em mindfulness (MBSR). Em um estudo transversal, Pagnoni et al. (2008) relataram menor ativação em áreas envolvidas no processamento conceitual em meditantes Zen, em comparação com não meditantes, em uma tarefa de decisão lexical. E em um estudo disposicional, Dorjee et al. (2015) encontraram associação positiva entre mindfulness disposicional (trait mindfulness) e o efeito N400 para alvos negativos de pares de palavras afetivas, indicando acesso menos frequente de significados de palavras negativas em indivíduos mais conscientes.

Tais alterações no processamento da linguagem deveriam ser vistas como consequência de aprimoramentos da SR relacionada a atenção e emoção. Entretanto, elas poderiam igualmente refletir envolvimentos claros com o processamento conceitual visado pelas práticas contemplativas, por exemplo quando a meditação estimula a consciência não elaborativa dos pensamentos (com pensamentos frequentemente expressos tanto de maneira aberta quanto dissimulada na linguagem), o que poderia liberar mais recursos cognitivos para a SR. Além disso, algumas técnicas de meditação envolvem contemplações focadas em tópicos como impermanência (envolvendo fala aberta ou silenciosa) e outras meditações ensinam linguagem neutra para a rotulação de experiência, usam recitações de mantras, ou estimulam visualizações não verbais complexas. Essas almejadas modulações do processamento conceitual ou da linguagem mais provavelmente contribuem de maneira singular para as mudanças de SR resultantes da meditação. Portanto, o processamento conceitual precisa ser reconhecido como um dos mecanismos de SR modificados pela meditação, e ambos podem ser afetados e afetar diretamente a metacognição, atenção e os processos de regulação da emoção (veja conexões entre Processamento Conceitual, Metacognição, Atenção e Regulação da Emoção na Figura 1).

Fatores Motivacionais/Intencionais e Contextuais

A autorregulação, no contexto da pesquisa em meditação, está também intrinsecamente vinculada aos fatores motivacionais/intencionais3 e contextuais (Shapiro et al., 2006; Dorjee, 2010; Vago e Silbersweig, 2012). Por exemplo, alguns praticantes podem se engajar na prática contemplativa para aprender como lidar com o estresse ou regular melhor a dor crônica; para outros, o engajamento nessa prática pode ser uma maneira de encontrar significado e propósito existenciais. É importante ressaltar que, no contexto contemplativo, os fatores motivacionais/intencionais estão estreitamente vinculados ao contexto filosófico mais amplo de uma prática, e particularmente à ética – cultivo de estados e qualidades considerados virtuosos dentro de uma estrutura contemplativa específica. Dahlsgaard et al. (2005) sugeriram uma possível aproximação de algumas virtudes essenciais entre as tradições contemplativas, mas inevitavelmente há também diferenças importantes. Algumas tradições contemplativas incluem especificações claras de faculdades, qualidades e estados considerados virtuosos, não virtuosos e neutros (Thera, 1998). O treinamento contemplativo, da mesma forma, visa o desenvolvimento de qualidades e estados virtuosos, e redução dos não virtuosos (Dreyfus, 2002), como determinado por fatores motivacionais/intencionais mais abrangentes.

A especificação dos fatores motivacionais/intencionais, em geral, é intimamente vinculada a um contexto mais amplo da prática contemplativa, mais notadamente praticando dentro de uma certa tradição, com suas visões filosóficas específicas moldando as percepções e metas da prática. Outro aspecto destacado se relaciona a praticar dentro de um contexto contemplativo ordenado e estruturado que foca tipicamente em fatores motivacionais/intencionais explícitos (se monástico ou não monástico), enquanto que fora do contexto estruturado de treino contemplativo tradicional, os fatores motivacionais/intencionais são tipicamente menos especificados e enfatizados.

Enquanto alguns desses fatores contextuais e motivacionais/intencionais têm sido teoricamente destacados na pesquisa em meditação (Shapiro et al., 2006; Dorjee, 2010, 2013), eles raramente são considerados em estudos experimentais que avaliam eficiência e mecanismos da meditação. Nosso entendimento da evolução dos fatores motivacionais/intencionais com as práticas contemplativas de longa duração também é muito limitado (p.e., Shapiro, 1992). Em algumas tradições contemplativas, como no Budismo Mahayana, uma evolução da motivação/intenções autofocadas para autotranscendentes é explicitamente estimulada (Dorjee, 2013). Em geral, os fatores motivacionais/intencionais e contextuais tendem a modular significativamente o engajamento dos praticantes com as práticas contemplativas e as mudanças resultantes na SR (ver conexões com Metacognição e Atenção, Regulação da Emoção e Processamento Conceitual na Figura 1). As modulações na SR, particularmente as mudanças nos esquemas conceituais relevantes à autoimagem e valores, também pode afetar os fatores motivacionais/intencionais.

Postulando a Capacidade Metacognitiva Autorreguladora da Mente

Resumidamente, as práticas contemplativas parecem aprimorar a atenção e a metacognição4 introspectiva dos conteúdos/processos mentais e comportamento de modos distintos. Elas também cultivam estados afetivos particulares, traços e estratégias de regulação da emoção e modificam o processamento conceitual de maneira singular. Esses estados, traços e processos cognitivos, afetivos e conceituais podem ser considerados características de uma capacidade natural geral da mente, especificamente denominada aqui ‘capacidade autorreguladora metacognitiva (MSRC) da mente,’ a qual o treinamento contemplativo busca aprimorar. Essa capacidade habilita a metaconsciência reflexiva dos fenômenos mentais e do comportamento e sua modulação adaptativa5 (que conduz ao bem-estar). Os processos da MSRC são modificados pelos fatores motivacionais/intencionais e contextuais das práticas contemplativas (Figura 1).

Enquanto a MSRC é considerada aqui como um termo guarda-chuva, os padrões particulares de mudanças na MSRC resultantes de treinamentos contemplativos específicos vão provavelmente diferir entre práticas e tradições contemplativas. Todas as práticas de meditação aprimoram a consciência metacognitiva e o controle da atenção até um certo grau, uma vez que estes são fundamentais para qualquer prática de meditação. Mas as contemplações em um tema específico (p.e., impermanência) podem também acionar sistemas de linguagem de maneiras diferentes, com consequente impacto nos fatores motivacionais/intencionais e de regulação da emoção. Em comparação, as práticas baseadas em visualização podem melhorar o processamento conceitual visioespacial (p. e., Kozhevnikov et al., 2009) e reduzir a ativação em áreas de linguagem, com impacto indireto na regulação emocional em uma estrutura de desenvolvimento espiritual mais ampla. Abordagens baseadas em mindfulness podem modificar o envolvimento de áreas de linguagem, através de sua ênfase no processamento não elaborativo e foco sensorial (por exemplo, Farb et al., 2010), e mais diretamente no desenvolvimento de estratégias específicas de regulação de emoções adaptativas no contexto secular, etc.

Modulações do Sistema Nervoso Autônomo

Melhorias na MSRC resultantes da prática contemplativa também podem ter efeitos tangíveis nos processos fisiológicos associados a bem-estar e saúde (ver ligações entre Metacognição e Atenção, Regulação Emocional, Processamento Conceitual e Sistema Nervoso Autônomo (SNA) na Figura 1). Esses processos fisiológicos têm sido até agora estudados principalmente em termos de modulações no equilíbrio simpático/parassimpático do SNA, ligado à ativação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA) durante a resposta ao estresse. As evidências iniciais sugerem que dois importantes índices, tanto do estresse agudo quanto do crônico, podem ser modulados pela prática contemplativa: os níveis de cortisol, como marcador de resposta de estresse endócrino, e os índices de variabilidade da frequência cardíaca (VFC), do equilíbrio simpático/parassimpático. Por exemplo, a quantidade de prática de meditação tem sido negativamente relacionada aos níveis de cortisol matinal, sugerindo menos estresse crônico (Brand et al., 2012). No entanto, os resultados sobre os efeitos das MBAs nos níveis de cortisol são mistos (O’Leary et al., 2015). Os achados iniciais sobre as mudanças nos índices de VFC, um biomarcador da atividade parassimpática, retratam aumentos na frequência de VFC alta após 10 dias de treinamento em Vipassana (Krygier et al., 2013).

No entanto, poucos estudos examinaram ligações verdadeiras entre modulações na atividade do SNA e os processos neurocognitivos da MSRC com a prática contemplativa – um estudo de Tang et al. (2009) foi uma das raras exceções. Eles encontraram uma associação entre um índice EEG da atividade do córtex cingulado anterior e VFC alta em um grupo que praticou treinamento integrativo mente-corpo (que inclui práticas de mindfulness). Até o momento, nenhum estudo explorou como o equilíbrio simpático/parassimpático, como tal, poderia afetar o engajamento com a prática contemplativa e as mudanças associadas na MSRC (ver ligações recíprocas com o SNA na Figura 1). Da mesma forma, nenhum estudo investigou as ligações entre a ativação do SNA e os fatores intencionais/motivacionais e contextuais das práticas contemplativas.

A investigação de semelhanças e modulações diferenciais da MSRC (seus processos e resultados) pelas práticas contemplativas, juntamente com seus fatores motivacionais/intencionais e contextuais e suas implicações nas modulações do equilíbrio do SNA, pode ser considerada um dos dois objetivos essenciais da ciência contemplativa. O segundo objetivo (não menos importante) da ciência contemplativa é investigar alterações fenomenológicas na consciência do self e da realidade resultantes das práticas contemplativas. Examinaremos agora as evidências empíricas atuais e os fundamentos teóricos dessas mudanças específicas da meditação na consciência.

Modos de Consciência Existencial

Mudanças na Autoimagem com a Meditação: Abordagens atuais e suas Limitações

As modificações na consciência e na construção do self e da realidade são frequentemente destacadas como os objetivos essenciais das práticas contemplativas entre as tradições (Dahl et al., 2015). No entanto, a compreensão científica ocidental das características, estados e processos associados é muito limitada. Por exemplo, Farb et al. (2007) investigaram mudanças na consciência autorreferencial, comparando a construção narrativa do self com o foco na experiência sensorial do momento presente, em participantes que completaram um curso de MBSR e em novatos em meditação. Os resultados revelaram ativação aumentada no córtex insular direito e córtex somatossensorial para o grupo de mindfulness em condição de momento presente. Isso sugere uma ativação diferencial entre o modo de narrativa e o modo de momento presente, que parece ser aumentada ainda mais pelo treinamento em mindfulness. No entanto, não está claro até que ponto essas descobertas refletem principalmente diferenças no foco de atenção (sensações corporais vs. narração) durante as duas instruções, e não as diferenças na própria construção do self.

Talvez mais perto de investigar alterações específicas na autoimagem com meditação, um estudo recente examinou os correlatos neurais associados à não reatividade ao autoelogio e autocrítica, em meditantes antigos em mindfulness e novatos em meditação (Lutz et al., 2016). Os resultados mostraram ativação aumentada no córtex pré-frontal dorsomedial (possivelmente refletindo maior regulação das emoções) e diminuição da conectividade entre esta área e outras regiões na rede em modo padrão (default mode) em meditantes antigos, em comparação com os novatos. Esse último resultado foi interpretado como indicador de menos autofoco nos meditantes, manifestando-se como menor reatividade. Os autores, no entanto, reconhecem a dificuldade em distinguir entre efeitos específicos da emoção e autorreferenciais em seus resultados, e argumentam que estes podem estar intimamente interligados e, portanto, são difíceis de separar.

Outros estudos sobre meditação avaliaram o processamento autorrelacionado mais espontâneo através da medição da função cerebral no modo padrão (Raichle et al., 2001; Raichle e Snyder, 2007), o que é geralmente avaliado usando imagem por ressonância magnética funcional enquanto os participantes estão simplesmente descansando ou fixando seu olhar em uma cruz na tela. Isso estimula o engajamento no processamento espontâneo no modo ‘padrão’, o que, para a maioria das pessoas, parece envolver a divagação mental (atividade de tarefa aleatória desligada). Em um estudo com meditantes experientes e novatos em meditação, Brewer et al. (2011) descobriram que, durante o repouso, bem como durante a meditação, os meditantes mostraram conectividade mais forte entre o córtex cingulado posterior, o córtex cingulado dorsal anterior e os córtices pré-frontais dorsolaterais. Isso sugere melhor automonitoramento e controle cognitivo nos meditantes. Além disso, descobertas sobre desativação nas áreas centrais da rede em modo padrão (córtex pré-frontal medial e cingulado posterior) durante o descanso e durante três diferentes práticas de meditação (concentração, bondade amorosa, consciência sem escolha) foram interpretadas como com menor divagação nos meditantes. Da mesma forma, Taylor et al. (2013) descobriram que os meditantes tiveram conectividade reduzida entre o córtex pré-frontal medial (associado à divagação e ao processamento autorreferencial) e outras regiões. Embora esses resultados sejam certamente novos e interessantes, mais uma vez não está claro quais aspectos das diferenças na ativação cerebral são distintamente relevantes para a autoimagem e refletem processos de atenção mais abrangentes. Particularmente, o resultado com ausência de modulação diferencial entre os três tipos de meditação e o estado de repouso, obtido no estudo de Brewer et al. (2011), indica que o padrão de ativação cerebral mais provavelmente reflete regulação similar dos processos de atenção do que do processamento autorreferencial. Isso é porque a prática da consciência sem escolha, visando intimamente os processos autorrelacionados, deveria reduzir mais seletivamente a atividade relacionada à autoimagem do que a atenção focada (Lutz et al., 2008).

Assim, apesar do crescente número de estudos que investigam modulações em processos autorreferenciais com meditação, as implicações dessas descobertas para nossa compreensão das mudanças na autoimagem, resultantes da meditação, parecem limitadas. A observação de sobreposição entre ativações cerebrais associadas a emoção e autorreferência em pesquisas sobre meditação (Lutz et al., 2016), assim como a dificuldade em dissociar a atenção (Farb et al., 2007) ou divagação mental (Taylor et al., 2011; Brewer et al., 2013) e processos autorreferenciais em outros estudos de meditação levantam uma questão-chave para esse tipo de pesquisa em ciência contemplativa: seria a construção do self uma mera acumulação de outros processos, relacionados principalmente a atenção, emoção e memória? Esta é a abordagem comumente aplicada em pesquisas cognitivas e neurocientíficas sobre autorreferência (Northoff et al., 2006), e os estudos de meditação mais atuais parecem assumir que ela é igualmente apropriada para investigar mudanças na construção do self com práticas contemplativas. Mas algumas tradições contemplativas fornecem descrições da desconstrução radical do processamento autorreferencial usual com práticas contemplativas. Tais mudanças podem ser capturadas de maneira significativa usando os métodos cognitivos e neurocientíficos tradicionais?

Um estudo de Josipovic (2014) foi o primeiro com o objetivo de investigar as alterações mais avançadas no autofoco, examinando correlatos neurais de estados de consciência, caracterizados por uma diferenciação muito reduzida entre o sujeito e o objeto de experiência (não dualidade), em meditantes experientes. Os resultados indicaram diferenças claras entre os padrões de ativação cerebral na meditação focada e na meditação de consciência não dual, assim dissociando as duas. No entanto, mais uma vez não está claro até que ponto essas diferenças foram o resultado da implementação de diferentes tipos de meditação com diferentes objetos de foco de atenção. O principal resultado destacou um aumento na conectividade funcional entre o pré-cuneo central e o córtex pré-frontal dorsolateral, o que foi interpretado como um possível índice de gradientes em consciência não dual. Essa hipótese pode ser até agora a mais próxima da postulação específica de mudanças neurais associadas a modulações na autoimagem com meditação.

Talvez a falta de evidências de pesquisa diretamente relacionadas às mudanças na autoimagem com meditação se deva ao fato de um aspecto-chave desses estados ter sido omitido na maioria das investigações anteriores de autorreferência em meditantes. Este componente relaciona-se com o aspecto do sentido experiencial ‘como é’ das mudanças na autoimagem. Se capturarmos as alterações fenomenológicas na autoimagem, poderemos ser capazes de investigar as características distintivas centrais dos estados de autoimagem em vez de atenção, emoção, memória ou outros processos que sustentam os estados de autorreferência, mas não são específicos nem definidores para eles. Tais relatos fenomenológicos permitiriam a avaliação de ligações com modulações em marcadores comportamentais ou neurais, enquanto as contribuições de emoção, atenção ou outro processamento cognitivo são controladas. Um estudo recente de Dor-Ziderman et al. (2016) foi o primeiro passo nessa abordagem; capturou os aspectos fenomenológicos da autoimagem convidando os meditantes a descrever seu senso de limite individual e de separação do mundo externo. Associações entre três estados distintos de autoimagem e correlatos neurais foram então investigados usando magneto-encefalograma; os resultados destacaram alterações nas oscilações beta lateralizadas à direita na junção temporoparietal e no córtex parietal medial. Entretanto, dada a falta de uma teoria geral sobre estados fenomenológicos associados à autoimagem, atualmente é difícil posicionar essas descobertas dentro de uma gama de estados desse tipo resultantes do treinamento em meditação.

Assim, um pré-requisito essencial para testes futuros de quaisquer hipóteses sobre mudanças na autoimagem com meditação parece ser a captura sistemática de relatos fenomenológicos em primeira pessoa, em gradientes de autoimagem fundamentados em uma teoria geral sobre tais estados. Esta abordagem necessitará do desenvolvimento de métodos adequados de pesquisa em primeira e segunda pessoas, que sejam particularmente adequados para a pesquisa em ciência contemplativa (ver seção “Definições de Mindfulness e Outras Práticas Contemplativas” para discussão futura). Ela também exigirá o desenvolvimento de uma teoria abrangente, que descreva as diferenças no processamento autorreferencial esperado com o aumento da proficiência em tipos específicos de práticas contemplativas, e como essas alterações poderiam se relacionar com o processamento e o bem-estar autorreguladores. Tal teoria forneceria base e orientação para futuras investigações empíricas focadas e sistemáticas de mudanças na interpretação do self com a meditação.

Postulando Modos de Consciência Existencial

Na estrutura proposta de ciência contemplativa, sugere-se que mudanças cumulativas nos aspectos atencionais, afetivos e conceituais dos processos autorreguladores metacognitivos, modulados por fatores motivacionais/intencionais e contextuais da prática da meditação, possibilitem alterações de estado mais abrangentes e fenomenologicamente distintas na consciência do eu e da realidade (Figura 1). Essas alterações são aqui denominadas ‘modos de consciência existencial’ (MEA), para abranger tanto as modulações experienciais na construção do self quanto a compreensão experiencial da natureza construída da realidade. Elas refletem fenomenologicamente os esquemas existenciais pessoais de significado e propósito na vida, e é por isso que eles são melhor descritos como ‘existenciais’. O treinamento em meditação está associado a uma progressão de alterações nos MEA. Por exemplo, no contexto budista da tradição Dzogchen, os MEA iniciais estão associados à ‘mente comum’, caracterizada por uma construção de self e realidade que é fortemente determinada por nossas cognições, hábitos, história pessoal, cultura e sociedade. A mesma tradição descreve que nos estágios mais avançados do treinamento em meditação, os MEA envolvem um insight da natureza da mente e da realidade, caracterizado pelo reconhecimento/conhecimento experiencial e apoiado em base experiencial, a partir do qual o self e a realidade são construídos (‘rigpa’- consciência prístina, Gyaltrul e Wallace, 1998; Padmasambhava, 2007).

Há muitos MEA adicionais entre os dois extremos (Figura 2). Eles poderiam envolver uma progressão de estados caracterizada pelo desenvolvimento crescente da consciência autorreflexiva e a autoinvestigação da natureza fugaz dos fenômenos mentais. Este seria, então, o primeiro entendimento intelectual das noções construídas do self, seguido pela realização experiencial da vacuidade do self e, finalmente, estado não dual de consciência prístina (Dorjee, 2013). Examinando mais de perto os processos subjacentes, o acúmulo das experiências iniciais de impermanência pode levar ao afrouxamento da autoimagem usual, que, a princípio, ainda está enraizada em distinções conceituais sobre o que o self é e não é. Isto é possibilitado pelo aumento dos níveis de estabilidade na MSCM, que em algumas tradições de meditação culmina na experiência de absorção de forma e não forma (sânscrito: Dhyāna; pali: Jhāna). Tais estados, no entanto, não são considerados como estágios de libertação real, devido ao seu foco na concentração em vez de insight sobre a natureza do self e da realidade (p.e., Gampopa, 1998).

FIGURA 2

FIGURA 2. A figura descreve a progressão nos MEA como estados associados a gradientes crescentes de desreificação (processos). MEA adicionais podem ser descritos entre os MEA destacados na figura (juntamente com os gradientes de desreificação associados). Alguns tipos de treinamento contemplativo podem contornar certos MEA (p.e., tradições budistas tibetanas geralmente não se engajam no treinamento de absorções de forma e não forma).

A vacuidade do ‘ self ‘ é então realizada através de compreensão puramente experiencial, que libera os constructos conceituais de self e não self. O modo mais avançado de consciência existencial (em Dzogchen denominado rigpa – consciência prístina; Dalai Lama, 2000) transcende experiencialmente as noções de self através da dissolução da dualidade entre o observador e o observado, e engloba a realização experiencial da natureza da mente e realidade. É um estado não conceitual com um claro senso de saber (que pode ser considerado paradoxal a partir da perspectiva da ‘mente comum’, onde todo conhecimento é conceitual) e experiência de compaixão não referencial e pervasiva. Uma das principais tarefas futuras da ciência contemplativa é fornecer uma teoria clara da progressão dos MEA que possa, então, ser testada empiricamente. Tal pesquisa precisa enfatizar a natureza intrinsecamente fenomenológica dos MEA e levar em consideração as limitações das metodologias de pesquisa em captar a natureza não conceitual dos MEA mais avançados.

O único MEA que até agora foi investigado em pesquisa com meditação é o descentramento, que poderia ser considerado um dos estágios iniciais da progressão dos MEA. O descentramento (Fresco et al., 2007) tem sido descrito como a consciência de eventos mentais experienciada pela observação de pensamentos e sentimentos como fenômenos mentais fugazes, em vez de fatos imutáveis. O descentramento desempenha papel fundamental nos efeitos terapêuticos das abordagens baseadas em mindfulness (Bieling et al., 2012; Hoge et al., 2015) e é particularmente enfatizado em terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT; Teasdale, 1999). Especificamente, em pesquisas sobre depressão recorrente, o termo ‘ insight metacognitivo’ tem sido usado para rotular essa alteração terapeuticamente destacada na perspectiva individual de elementos de cognição pessoal (Teasdale et al., 1995, Teasdale et al., 2002).

De maneira semelhante, Shapiro et al. (2006) e Carmody et al. (2009), usam o termo ‘repercepção’ para denotar a modificação na perspectiva de eventos mentais e sugerem que a repercepção é o mecanismo principal subjacente aos efeitos benéficos da mindfulness com outros mecanismos clinicamente significativos, tais como exposição ou mudanças na SR, sendo a flexibilidade cognitiva derivada. Pesquisas psicofisiológicas recentes apoiam parcialmente essa hipótese – Eddy et al. (2015) encontraram que o descentramento, como estado (mas não mindfulness), estava associado a menor demanda de recursos cognitivos no processamento de imagens emocionais em adultos saudáveis. Também é possível que, mesmo dentro do constructo de descentramento, diferenciemos MEA distintos, esta opção não foi investigada até agora. Da mesma forma, não está claro se as abordagens baseadas em mindfulness secular poderiam permitir uma progressão além dos estágios iniciais dos MEA.

Processamento Conceitual e Modos de Consciência Existencial

Melhorias na MSRC da mente podem ser consideradas um pré-requisito para todas as alterações nos MEA, pois essas alterações exigem níveis crescentes de estabilidade na atenção, cultivo de certas qualidades e emoções afetivas (como compaixão e alegria empática), clarificação da motivação/intenção pessoal para se engajar na prática contemplativa, e monitoramento volitivo e regulação do processamento conceitual elaborativo6 – A contribuição do processamento conceitual para alterações nos MEA é provavelmente fundamental nesse processo e não se limita a um melhor controle volitivo da ruminação (como um suporte da consciência não elaborativa, discutida na seção “A Capacidade Autorreguladora Metacognitiva da Mente”). Conceitos são os blocos de construção fundamentais da cognição, e de particular importância aqui é a ‘intencionalidade dos conceitos’ como sua propriedade de representar entidades enquanto estão separados delas. No contexto da pesquisa contemplativa, John Dunne (2012) propôs o termo ‘desreificação’ para descrever a consciência experiencial explícita da distinção entre os objetos reais e as representações conceituais dos objetos. Gradientes crescentes de desreificação, começando com a habilitação do descentramento inicial dos estados mentais até a desreificação mais avançada dos modos como nós conceituamos a realidade, podem ser presumidos como os principais mediadores (ou processos subjacentes) de mudanças nos MEA (Figura 2).

As mudanças conceituais que mediam as alterações nos MEA podem, até certo ponto, ser ainda mais elucidadas por uma teoria subjacente à postulação do insight metacognitivo nas MBCT, que se baseiam na Estrutura de Subsistemas Cognitivos Interativos (ICS) (p.e., Barnard e Teasdale, 1991). Os ICS distinguem entre significados proposicionais específicos, expressos em linguagem, e significados implicativos, não-específicos da linguagem, de cunho mais holístico, descritos como padrões experienciais esquemáticos genéricos, com os dois tipos de significados interagindo continuamente.7 Vale ressaltar que Teasdale (1999) relacionou essa distinção ao conhecimento metacognitivo, apoiado em significados proposicionais e insight metacognitivo, que só pode surgir no nível de representações de significado implicativo. No contexto das MBCT, através do insight metacognitivo, um praticante desenvolve um novo esquema implicativo para mapear percepções e pensamentos sobre a realidade, o que pode reduzir a recaída depressiva através do descentramento de significados propositivos negativos e esquemas implicativos. Em outras palavras, o insight metacognitivo permite o nível inicial de compreensão experiencial da ‘intencionalidade dos conceitos’. Isso apoia o desenvolvimento de um modo de consciência existencial associado aos estágios iniciais da desreificação. Além do contexto das MBCT e com treinamento contemplativo adicional, particularmente na família desconstrutiva de práticas de meditação (Dahl et al., 2015), um praticante pode experimentar alterações para MEA mais avançados, abrangendo remapeamento adicional de significados implicativos associados a uma compreensão experiencial mais profunda de desreificação.

Os Modos de Consciência Existencial São Estados ou Características?

As ligações entre gradientes de desreificação (considerados aqui como processos) e MEA (que foram aqui descritos até agora como estados), levantam a questão sobre a estabilidade dessas mudanças. Elas são apenas insights transitórios ou poderiam se tornar estados e traços mais estáveis? No contexto contemplativo tradicional, ambos podem depender da profundidade e estabilidade da prática contemplativa do indivíduo (Dorjee, 2013). A maioria dos iniciantes na prática da meditação pode experimentar insights iniciais de descentramento dentro de poucas semanas ou meses de prática, mas não será capaz de estabilizar esse estado. O aprofundamento e a estabilização adicionais de alterações cada vez mais avançadas nos MEA virão com prática contínua sob orientação adequada. Também pode haver instâncias de insight instantâneo e repentino para MEA mais avançados, como aquelas experienciadas em práticas de ‘cutting through‘ do Dzogchen; mas para a maioria dos praticantes, elas também precisarão ser estabilizadas e sustentadas com prática adicional até o ponto em que elas possam ser consideradas uma característica estável. Tal estabilização pode acontecer em qualquer modo (também considerado aqui como um estágio) de consciência existencial, associada com qualquer grau de desreificação (incluindo a falta dela, que estaria associada à estagnação em progresso para MEA mais avançados).

Em geral, na teoria contemplativa, a progressão nos MEA com prática adicional está associada a níveis mais elevados de bem-estar. No entanto, a progressão de um MEA para outro, mais avançado, pode também ser acompanhada por estados psicológicos temporários que poderiam ser, no contexto psicológico ou psiquiátrico ocidental, considerados adversos ou patológicos. Tais estados estão claramente descritos na literatura contemplativa como sinais temporários de alterações na experiência meditativa, juntamente com instruções sobre como trabalhar com tais experiências (p.e., Wallace, 2011). Isso destaca a importância essencial da orientação por professores de meditação qualificados e experientes ao se engajar em práticas direcionadas à progressão dos MEA no treinamento contemplativo do praticante.

No geral, a investigação sobre as mudanças nos MEA com treinamento em meditação talvez tenha sido a parte mais difícil da pesquisa em ciência contemplativa até agora, mas parece ser a mais importante e singular da disciplina. O quadro proposto visa estimular uma investigação mais aprofundada nessa área inexplorada de pesquisa em ciência contemplativa, através de postular distinções teóricas iniciais em MEA e sua mediação por desreificação da intencionalidade de conceitos. A modulação dos MEA por fatores motivacionais/intencionais e contextuais será de particular interesse em estudos futuros, especialmente em investigações sobre similaridades e diferenças nos MEA entre as abordagens contemplativas. Dada a posição fundamental das alterações nos MEA no treinamento contemplativo tradicional, tais investigações poderiam fornecer novos insights impactantes, enriquecendo a teoria da ciência contemplativa com implicações adicionais para a pesquisa aplicada.

A Definição Proposta de Ciência Contemplativa

A discussão nas seções anteriores destacou a necessidade de definir a ciência contemplativa em termos de capacidades, processos e estados cognitivos e mentais abrangentes – a MSRC da mente e os MEA foram considerados como os possíveis constructos-chave na definição. Essas considerações implicam que a ciência contemplativa pode ser definida como um estudo interdisciplinar integrativo da MSRC da mente (a qual o treinamento contemplativo visa enriquecer) e MEA associados (estados e características de consciência resultantes do treinamento contemplativo, caracterizados por gradientes crescentes de desreificação), com ambos sendo modulados por fatores motivacionais/intencionais e contextuais de prática contemplativa. Mudanças no processamento conceitual, particularmente em significados implicativos, são prováveis mediadores entre mudanças na MSRC e alterações nos MEA. Os métodos em primeira e segunda pessoa serão essenciais para mapear as alterações nos MEAs e no processamento conceitual, portanto são centrais para a metodologia da ciência contemplativa. Vamos agora explorar as implicações metodológicas da definição proposta em mais detalhes.

Metodologia de Pesquisa da Ciência Contemplativa

A ciência contemplativa é inerentemente um campo de estudo interdisciplinar devido à natureza multifacetada de seu assunto, que inclui tanto processos e estados mentais complexos quanto seu contexto contemplativo envolvendo fatores históricos, culturais e sociais. Até agora, a pesquisa sobre meditação tem se baseado principalmente em métodos padronizados de pesquisa em psicologia e neurociência cognitiva. Essa abordagem parece apropriada para os componentes essenciais da MSRC da mente – atenção e regulação da emoção e processos conceituais. Também é adequada para investigações do impacto que as mudanças na MSCM podem ter sobre o equilíbrio do SNA. Dentre os componentes da MSRC, pesquisas anteriores sobre meditação estudaram principalmente os processos de atenção e regulação da emoção (p.e., Hölzel et al., 2011; Tang et al., 2015). Estudos sobre mudanças na metacognição introspectiva (p.e., Teasdale et al., 2002; Jankowski e Holas, 2014) e processamento conceitual com meditação (p.e., Pagnoni et al., 2008; Dorjee et al., 2015) são, no entanto, limitados.

Para que a pesquisa em ciência contemplativa avance para uma teoria da ciência contemplativa mais abrangente, as modulações nos processos da MSRC precisam ser estudadas sistemática e simultaneamente sempre que possível. Na maioria dos estudos, essa é uma opção realista, uma vez que várias tarefas experimentais e medidas de autorrelato são frequentemente usadas em uma única sessão experimental com os mesmos participantes; no entanto, os resultados de diferentes tarefas são então geralmente divididos em relatórios de pesquisa separados. Há necessidade de uma seleção mais sistemática das tarefas conduzidas pela teoria da ciência contemplativa de maneira mais metódica, de modo que essas avaliações visem sistematicamente os elementos centrais da MSRC. Além disso, relatórios separados de resultados dos mesmos participantes devem informar os vínculos entre esses estudos, a fim de permitir a integração das descobertas nas avaliações. A comparação e a análise de implicações mais amplas das descobertas entre experimentos com os mesmos participantes poderiam ser instrumentais na construção de um quadro mais abrangente e integrado de modulações na MSRC com práticas contemplativas.

A estrutura proposta da ciência contemplativa também requer a expansão do escopo metodológico e teórico da pesquisa contemplativa para incluir moduladores motivacionais/intencionais e contextuais de processos e resultados. Atualmente, estudos sobre fatores motivacionais/intencionais (p.e., Shapiro, 1992) e contextuais (Christopher et al., 2009) são muito escassos. Pesquisas adicionais exigirão o desenvolvimento de ferramentas de avaliação e tarefas experimentais que visarão particularmente a investigação desses fatores no contexto da ciência contemplativa. Isso ocorre porque as ferramentas psicológicas e neurocientíficas disponíveis são limitantes na avaliação dos aspectos intencionais/motivacionais e contextuais das práticas contemplativas, dado que as dimensões desses fatores (p.e., intenção de libertação do sofrimento, transcendência espiritual, contexto filosófico mais amplo, contexto secular ou religioso, etc.) não foram suficientemente investigadas nas disciplinas mais consagradas. Alguns dos métodos novos precisarão se basear estreitamente nas teorias contemplativas tradicionais e nos métodos antropológicos, aplicados para examinar as dimensões cultural, filosófica e social das práticas contemplativas. Espera-se, com isso, que futuros estudos em ciência contemplativa combinem, significativamente, métodos psicológicos e neurocientíficos com teorias e métodos contemplativos tradicionais, antropológicos e filosóficos como regra, e não como exceção. No estágio atual, seria vantajoso se cada estudo incluísse, no mínimo, uma descrição clara das instruções usadas na prática contemplativa estudada, a descrição dos processos (psicológicos ou cognitivos) que a prática visa modificar e os resultados que a prática pretende produzir, dentro de um contexto contemplativo particular (ver seção “Definições de Mindfulness e Outras Práticas Contemplativas” para mais detalhes).

Tem sido repetidamente enfatizado que as metodologias em primeira pessoa precisam desempenhar um papel essencial na pesquisa sobre meditação (Varela et al., 1991; Lutz, 2002; Nielsen e Kaszniak, 2007). A abordagem neurofenomenológica, sugerindo a integração de dados introspectivos instantâneos em primeira pessoa e de dados neurocognitivos em terceira pessoa nas tarefas experimentais (p.e., Lutz, 2002), foi proposta como uma possível solução metodológica. No entanto, essa recomendação raramente é seguida em pesquisas empíricas. Entre as razões podem estar a complexidade da neurofenomenologia e a falta de exemplos que incentivassem outros a utilizarem a mesma abordagem. Também é possível que, na ausência de uma definição clara da ciência contemplativa, que especificasse a posição central das metodologias em primeira pessoa na disciplina, a pesquisa facilmente contornaria essa ‘complicação metodológica’. A estrutura proposta da ciência contemplativa destaca ainda a importância primária das metodologias em primeira pessoa na pesquisa contemplativa, particularmente devido a sua ênfase na natureza intrinsecamente fenomenológica das alterações nos MEA. Isso também leva a questionar se essas alterações fenomenológicas podem ser investigadas de forma confiável com os métodos introspectivos disponíveis, incluindo a neurofenomenologia.

Métodos qualitativos padrão, como entrevistas ou diários analisados usando métodos qualitativos tradicionais (p.e., análise temática, análise fenomenológica interpretativa, análise do discurso, etc.), podem não ser muito adequados para investigar alterações nos MEA. Isso se deve à natureza intrinsecamente privada e singular das alterações experimentais associadas aos MEA, que estaria sujeita a metamorfose e remodelação por um intérprete ‘externo’ sem acesso aos dados fenomenológicos primários. Atraso temporal na descrição e interpretação de tais estados pode ser outra fonte de interpretação equivocada (p.e., Schooler, 2002). O enfoque da neurofenomenologia é um passo à frente nesse sentido, pois destaca a importância da precisão temporal dos relatos e do envolvimento dos meditantes como colaboradores na pesquisa em ciência contemplativa. No entanto, a abordagem neurofenomenológica é especificamente adequada para investigações de laboratório com tarefas experimentais, e há também a necessidade de métodos que permitam capturar MEA como características manifestas na vida real, fora do ambiente experimental.

Além disso, há necessidade de novos métodos que estimulem relatos fenomenológicos e autointerpretação pelo próprio participante, dentro e fora do ambiente experimental, e sem atraso temporal. Um exemplo de uma possível abordagem metodológica que satisfaça tais requisitos é o SenseMaker8, mas ainda não se sabe até que ponto esta abordagem é aplicável na ciência contemplativa. Os métodos em segunda pessoa também podem desempenhar um papel crucial na pesquisa em MEA, uma vez que os especialistas em meditação, baseados em sua ampla experiência pessoal com MEA, estão mais aptos a fornecer uma contribuição interpretativa por terceiros. E mesmo as abordagens baseadas na autointerpretação de dados em primeira pessoa, e em dados de experts em segunda pessoa, precisam reconhecer a natureza inevitavelmente indireta das descobertas resultantes de qualquer método de pesquisa que tente descrever os MEA não conceituais, em palavras ou outro formato conceitual. De modo geral, a posição singular da ciência contemplativa entre as outras disciplinas poderia ser fortalecida se sua pesquisa seguisse uma abordagem interdisciplinar mais forte e baseada em teoria, que integrasse efetivamente avaliações usando métodos psicológicos e neurocientíficos com avaliações de fatores motivacionais/intencionais e contextuais, e métodos em primeira e segunda pessoa, e, ao mesmo tempo, reconhecendo as suas limitações.

Implicações da Definição Proposta

Definições de Mindfulness e Outras Práticas Contemplativas

No contexto secular das abordagens baseadas em mindfulness (MBAs – incluindo MBSR e MBCT), mindfulness é mais comumente definida como ‘a consciência que emerge ao se prestar atenção de propósito, no momento presente, e sem julgamento, no desdobramento da experiência momento a momento’ (Kabat-Zinn, 2003, p. 145). Outras considerações baseadas nessa definição operacionalizaram mindfulness em termos de atenção e atitude (qualidades emocionais de abertura, curiosidade, não julgamento, etc.) como seus dois principais componentes (Bishop et al., 2004). Shapiro et al. (2006) acrescentaram a esses dois componentes um terceiro – intenção da prática de mindfulness. Finalmente, em uma das definições mais recentes, mindfulness foi especificada como desenvolvimento da autoconsciência, autorregulação, e autotranscendência (S-ART, Vago e Silbersweig, 2012). Essas definições serão agora consideradas mais aprofundadamente, no contexto da estrutura de ciência contemplativa delineada.

Do ponto de vista da estrutura proposta, a definição de Kabat-Zinn parece equiparar mindfulness secular a um tipo particular de consciência, mas a definição não especifica características adicionais desse estado. Na literatura sobre MBAs, a referência à conscientização tem sido usada em conotações variadas, que vão desde a simples observação dos conteúdos e processos mentais até os estados de descentramento dos mesmos (p.e., insight metacognitivo, em Teasdale et al., 2002) e autotranscendência (Vago e Silbersweig, 2012). Através desses diferentes significados, as mudanças na consciência parecem ser consistentemente consideradas como resultados do treinamento em mindfulness. Tais mudanças poderiam ser examinadas e posteriormente especificadas em termos da progressão nos MEA com treinamento contemplativo. Parece que o treinamento em MBAs pode resultar especificamente nas modulações iniciais dos MEA associadas ao descentramento; não está claro, entretanto, se as MBAs podem permitir a progressão para outros estágios de MEA.

Também não está claro se as mudanças na consciência resultam apenas do treinamento em mindfulness como parte das MBAs, ou se são resultados cumulativos de práticas de mindfulness e outros aspectos do treinamento em MBAs – como desenvolvimento implícito de autocompaixão, efeitos de terapia de grupo, elementos de aceitação das práticas, etc. Até agora, a literatura tem geralmente equiparado os efeitos de mindfulness aos efeitos das MBAs. Seria certamente esperado que os efeitos de mindfulness desenvolvidos nas MBAs e os efeitos das MBAs como intervenções multifacetadas, estivessem se sobrepondo, mas pesquisas futuras podem revelar que seus mecanismos e resultados subjacentes são um pouco diferentes. Cabe também a estudos futuros investigar se, no contexto secular, as mudanças no descentramento são específicas das MBAs, ou se elas podem ser cultivadas através de outros programas de práticas contemplativas seculares, particularmente aquelas voltadas para o desenvolvimento da compaixão e da autocompaixão.

Enquanto as mudanças na consciência com o treinamento em MBAs podem ser consideradas seus resultados, os processos de mindfulness são tipicamente descritos em termos de atenção e regulação emocional. Isso é exemplificado pela referência à atenção do momento presente, com atitude sem julgamento, na definição de Kabat-Zinn; as definições de Bishop et al. (2004) e Shapiro et al. (2006) especificamente destacam atenção e atitude como os componentes centrais de mindfulness. De acordo com a conceituação proposta de ciência contemplativa, metacognição/atenção e emoção são os aspectos essenciais da MSRC da mente. No entanto, essa estrutura pressupõe que todas as práticas contemplativas modificam a MSRC, mas elas diferem em termos de padrões específicos de mudanças resultantes nos componentes da MSRC (ver seção “A Capacidade Autorreguladora Metacognitiva da Mente” para exemplos). As características distintivas de mindfulness desenvolvidas nas MBAs provavelmente estão relacionadas ao desenvolvimento de consciência metacognitiva (notar) dos conteúdos e processos mentais, ao aumento da estabilidade da atenção e cultivo de atitude de não reatividade.

Juntamente com os processos de atenção e emoção, as definições de mindfulness secular também destacam a importância da intenção para a prática de mindfulness. Kabat-Zinn (2003) refere-se a isso em sua definição pela expressão ‘de propósito’ e Shapiro et al. (2006) explicitamente denominaram intenção como um dos três componentes de mindfulness nas MBAs. Vago e Silbersweig (2012) também incluíram a intenção como um dos componentes de mindfulness e discutiram sua relação com a motivação. No entanto, a estrutura postulada de ciência contemplativa considera fatores motivacionais/intencionais como não específicos a uma prática particular, impactando os processos e resultados de qualquer prática contemplativa. Isso implica que a inclusão de componentes relacionados à intenção (assim como resultados relacionados à consciência) nas definições de mindfulness precisa ser específica da prática, indicando como a intenção na prática de mindfulness dentro das MBAs seria semelhante ou diferente dos fatores motivacionais/intencionais em outras práticas contemplativas.

Com base na definição postulada de ciência contemplativa, as práticas contemplativas precisam ser especificadas em termos das modulações da MSRC e dos MEA que elas induzem, juntamente com seus fatores motivacionais/intencionais e contextuais (em adição às instruções específicas das próprias técnicas). Em consonância com essa abordagem, mindfulness no contexto das MBAs poderia ser definida como uma forma de treinamento mental com o objetivo de melhorar a MSRC da mente, particularmente visando o desenvolvimento do controle da atenção e a consciência metacognitiva dos fenômenos mentais, juntamente com o cultivo de uma atitude de não reatividade. Através do desenvolvimento da MSCM, mindfulness também cria condições básicas para alterações iniciais nos MEA, denominadas no contexto da MBA como descentramento. É importante ressaltar que tais alterações nos MEA não devem ser equiparadas com mindfulness, porque elas também requerem facilitação por processos e qualidades desenvolvidas por meio de outras práticas contemplativas, como aqueles treinamentos em compaixão e bondade amorosa, etc., apoiando a expansão de fatores motivacionais/intencionais e aprofundando o insight contemplativo.

Com base nessa definição de mindfulness, o objetivo principal das abordagens baseadas em mindfulness secular poderia ser descrito como treinamento em mindfulness como uma técnica de meditação que aumenta a consciência e a atenção introspectivas juntamente com a não reatividade. O desenvolvimento de outras qualidades emocionais e intencionais por meio de abordagens baseadas em mindfulness depende da inclusão de outras qualidades dos professores, não específicas de mindfulness, e de práticas contemplativas nos cursos, p.e., aqueles que apoiam o cultivo implícito e explícito de bondade, compaixão, etc., com apoio indireto de modificações motivacionais/intencionais. O treinamento principal em mindfulness, combinado com práticas contemplativas adicionais e investigação autorreflexiva, pode resultar em alterações iniciais nos MEA, tais como descentramento dos fenômenos mentais. Alterações mais profundas nos MEA provavelmente precisam ser facilitadas por treinamento contemplativo adicional, geralmente dentro de um sistema contemplativo tradicional estabelecido que pode fornecer treinamento direcionado em uma progressão de práticas (incluindo desenvolvimento mais aprofundado de fatores motivacionais/intencionais) que visam propiciar insight contemplativo profundo.

Curiosamente, a definição de mindfulness aplicada nas MBAs é diferente de algumas definições tradicionais de mindfulness no contexto budista. Estas frequentemente situam mindfulness (pali: sati; sânscrito: smṛti; tibetano: drenba) como uma faculdade mental que permite manter (recordar) e sustentar o foco em um objeto de meditação (respiração, estátua sagrada, etc.; p.e., Wallace, 1999a; Dorjee, 2013). Mindfulness é aqui diferenciada da metaconsciência introspectiva (pali: sampajañña; sânscrito: samprajanya; tibetano: shéshyin), que permite monitorar o foco da atenção e notar as distrações (Wallace, 1999a; Dorjee, 2013). Em algumas dessas descrições, mindfulness é considerada uma faculdade neutra (Thera, 1998) e, em outras, positiva (virtuosa) quando aplicada em conjunto com outras qualidades (p.e., Olendzki, 2008). Melhorias em mindfulness não são suficientes para alterações nos MEA. Estas surgiriam apenas em combinação com treinamento adicional em qualidades emocionais de bondade amorosa, compaixão, alegria e equanimidade, acopladas ao desenvolvimento de fatores motivacionais/intencionais. Assim, em termos das conceituações propostas de ciência contemplativa, mindfulness, neste contexto, seria melhorar seletivamente alguns aspectos da MSRC, principalmente os processos de atenção, sem implicações significativas para os MEA ou o envolvimento de fatores motivacionais/intencionais.

Grande parte da discussão anterior na literatura sobre definições de mindfulness (p.e., Williams e Kabat-Zinn, 2013) foi sobre encontrar a definição ‘certa’ para o termo. No entanto, as diferenças nas definições de mindfulness destacadas aqui no contexto da estrutura proposta da ciência contemplativa sugerem que, em vez de buscar a definição correta e unânime de mindfulness, seria mais produtivo concentrar-se em descrições precisas de significados contextualizados específicos do termo mindfulness. O mesmo princípio vale para definições de outras práticas contemplativas. Do mesmo modo, as confusões terminológicas e conceituais associadas podem ser grandemente minimizadas, se as semelhanças e diferenças das diversas definições de práticas contemplativas forem apresentadas de maneira clara, por meio de definições sistemáticas amplas. Dentro do quadro proposto, tais definições deveriam incluir (1) instruções claras de como a prática é feita; (2) descrição dos fatores motivacionais/intencionais e contextuais da prática; (3) padrão esperado de modulações da MSRC (incluindo metacognição, atenção, regulação emocional e processamento conceitual); e (4) modulações esperadas em processos de desreificação associadas a MEA distintos. Tais definições poderiam, por exemplo, deixar claro como mindfulness cultivada nas MBAs difere de conceituações de mindfulness no contexto budista, e também permitir comparações entre modulações resultantes de diferentes tipos de treinamento em mindfulness e outras práticas contemplativas.

Ciência Contemplativa no Contexto Científico mais Amplo

Um enfoque metodológico interdisciplinar claro e singularmente distinto de ciência contemplativa também pode destacar seu potencial de contribuição pioneira à pesquisa psicológica e neurocientífica. De interesse particularmente amplo nesse sentido, pode ser a investigação focada na interação entre fatores motivacionais/intencionais, SR metacognitiva, MEA e resultados de bem-estar. Tal pesquisa poderia fornecer novos insights sobre os mecanismos psicológicos e neurocognitivos subjacentes à saúde mental e física, com fortes implicações para prevenção e tratamento.

Além disso, avanços nas metodologias introspectivas e em sua integração com avaliações comportamentais e neurocognitivas podem contribuir para uma alteração metodológica mais ampla na pesquisa psicológica e neurocientífica, possivelmente fornecendo novos insights sobre alguns dos tópicos mais persistentemente desafiadores, incluindo a teoria da mente e a natureza da experiência consciente. Acrescenta-se que os constructos de MSRC e MEA, embora especificamente visados no treinamento contemplativo e, portanto, essenciais na pesquisa em ciência contemplativa, não são restritos a essa disciplina e, portanto, têm relevância potencial, por exemplo, na pesquisa sobre desenvolvimento, educação e consciência. Em suma, a ciência contemplativa, definida como um campo de estudo interdisciplinar da MSRC e dos MEA modulados por fatores motivacionais/intencionais e contextuais, tem um forte potencial para enriquecer a pesquisa psicológica e neurocientífica através de suas investigações teóricas e empíricas singulares.

Recomendações para Pesquisas Futuras em Ciência Contemplativa

Os principais desafios da pesquisa sobre meditação foram recentemente discutidos extensivamente por Davidson e Kaszniak (2015) e também anteriormente considerados por outros (p.e., Davidson, 2010; Desbordes e Negi, 2013; Tang et al., 2015). A avaliação dos aspectos experienciais em primeira pessoa tem sido o tema central de suas discussões, sendo a abordagem neurofenomenológica proposta como solução. Outros desafios metodológicos persistentes incluem a mensuração de constructos, como mindfulness, e a necessidade de maior rigor na metodologia de pesquisa aplicada no campo, incluindo mais clareza e detalhes nas descrições de práticas contemplativas e das amostras participantes (Davidson e Kaszniak, 2015). Menos frequentemente destacada, mas igualmente importante, é a falta de replicação das descobertas, o que diminui o peso e a força implicativa dos resultados da pesquisa em meditação, particularmente os provenientes de investigações experimentais e neurocientíficas.

Além dessas recomendações metodológicas essenciais, o quadro proposto da ciência contemplativa destaca quatro recomendações adicionais que poderiam contribuir para o avanço da teoria da ciência contemplativa e pesquisa empírica sobre meditação: (1) definições abrangentes sistemáticas de práticas contemplativas, incluindo instruções detalhadas, especificação dos fatores intencionais/motivacionais e contextuais da prática, descrição dos processos de MSRC almejados pela prática e impacto esperado da prática em processos de desreificação e MEA (ver seção “Ciência Contemplativa no Contexto Científico mais Amplo”); (2) desenvolvimento de uma teoria abrangente especificando os MEA e suas associações com processos da MSRC, fatores motivacionais/intencionais e contextuais; (3) refinamento da abordagem neurofenomenológica e desenvolvimento de métodos adicionais em primeira e segunda pessoa, para capturar a experiência fenomenológica através de autointerpretação ou interpretação por um expert sem atraso temporal (ver seção “Metodologia de Pesquisa em Ciência Contemplativa”), e sua inclusão sistemática em pesquisa empírica de meditação; (4) investigação direcionada a alguns constructos mentais cognitivos subjacentes em estudos e práticas contemplativas diversas, para permitir o desenvolvimento de uma teoria de ciência contemplativa abrangente integrando descobertas e orientar pesquisa sistemática posterior. Tal como acontece com as sugestões metodológicas descritas anteriormente (Davidson e Kaszniak, 2015), o principal desafio para o campo da ciência contemplativa continua sendo a tradução de tais recomendações para a prática real da pesquisa.

Limitações da Estrutura Proposta da Ciência Contemplativa

A intenção central por trás da estrutura proposta é apoiar a investigação sistemática de práticas contemplativas entre as tradições contemplativas. A principal limitação da estrutura em sua forma atual é que, apesar de sua ampla intenção de aplicabilidade, ela é baseada principalmente na compreensão da evolução de práticas no contexto budista (com alguns aspectos particularmente inspirados pela tradição budista tibetana do Dzogchen) e MBAs seculares. Tal abordagem parece inevitável no atual estágio de pesquisa em meditação, uma vez que a maioria dos estudos anteriores focou na meditação budista e suas aplicações seculares, criando assim uma base para futuras pesquisas contemplativas. Pesquisas teóricas e empíricas futuras sobre práticas contemplativas em tradições não budistas determinarão até que ponto a estrutura é adequada para investigações na ciência contemplativa de forma mais ampla, como pretendido. Outra limitação da estrutura proposta em sua forma atual é sua especificação em termos gerais que precisa ser mais refinada em futuras pesquisas teóricas e empíricas (p.e., envolvimento de processos e redes de atenção específicos, discussão detalhada sobre aspectos metacognitivos de práticas contemplativas, refinamento da progressão dos MEA, etc.). Algumas dessas limitações, espera-se, serão abordadas em futuras pesquisas que este documento visou estimular.

Conclusão

Este artigo esboçou uma possível definição de ciência contemplativa e seu objeto de estudo, como um meio de abordar alguns desafios persistentes na pesquisa atual de práticas contemplativas, como confusões na terminologia e nas definições e limitações teóricas. Sugere-se que a ciência contemplativa possa ser definida como um estudo interdisciplinar da MSRC da mente e MEA, sendo ambos modulados por fatores motivacionais/intencionais e contextuais de práticas contemplativas. Vantagens da definição proposta para orientar pesquisas sistemáticas adicionais são discutidas em conjunto com possíveis implicações para definições de mindfulness e outras práticas. Sugere-se que a estrutura delineada poderia tornar a pesquisa em ciência contemplativa mais inclusiva das variadas práticas contemplativas, e permitir à ciência contemplativa aproveitar mais plenamente seu potencial em fazer uma contribuição singular às ciências psicológica, cognitiva e neurocientífica. O artigo destaca que a pesquisa sobre meditação parece estar caminhando para uma fase científica mais madura, na qual essas considerações, quanto a suas questões-chave sobre temas teóricos e sobre definições, precisam tomar uma posição central para possibilitar seu avanço futuro.

Contribuições do Autor:

O artigo foi de autoria exclusiva de DD sem contribuição de outros autores, incluindo ideias iniciais, sua progressão, argumentos apresentados em apoio à proposta e os modelos apresentados nas Figuras 1 e 2.

Declaração de conflito de Interesses

Os autores declaram que a pesquisa foi realizada na ausência de quaisquer relações comerciais ou financeiras que possam ser interpretadas como potencial conflito de interesses.

Agradecimentos

A preparação deste documento foi apoiada por uma bolsa de estudos, Mind and Life Contemplative Studies Fellowship, concedida a DD.

Notas de rodapé

  1. O termo contemplação (e seus derivados) é neste artigo usado como inclusivo da meditação, mas é considerado um pouco mais amplo que a meditação, pois inclui práticas (como diferentes tipos de oração ou práticas de movimento de energia) que não seriam descritas como meditação em alguns tradições contemplativas.
  2. Outro enfoque de autorregulação desenvolvido por Baumeister e Heatheron (1966) é comumente aplicado no contexto da psicologia da saúde/clínica. Esta abordagem não foi considerada em pesquisas recentes sobre mindfulness/meditação e autorregulação (p.e., Tang et al., 2015), o que pode ser devido à dificuldade em traduzir alguns constructos psicológicos, tais como ‘padrões’, etc., propostos nesta teoria, para constructos cognitivos e neurocognitivos.
  3. No contexto da pesquisa sobre meditação, o termo ‘intenção’, ao invés de ‘motivação’, é mais frequentemente usado (p.e., Shapiro et al., 2006). Por exemplo, Shapiro (1992) sugeriu a progressão do desenvolvimento da intenção a partir da autorregulação, através da autoexploração para a autolibertação como resultado da prática de meditação contínua. No quadro proposto aqui, sugere-se que fatores motivacionais precisam ser incluídos em conjunto com fatores intencionais, principalmente como um meio de conectar este aspecto da investigação científica contemplativa com teorias existentes e pesquisas empíricas sobre teoria da motivação em psicologia e ciência cognitiva (p.e., similaridades e diferenças entre teorias humanistas de motivação e fatores motivacionais na tradição budista tibetana do Dzogchen são consideradas em Dorjee, 2013).
  4. Atenção, particularmente o controle da atenção e metacognição são, até certo ponto, processos sobrepostos (ver, por exemplo, Malinowski, 2013). Aqui eles são escolhidos separadamente para destacar a metacognição introspectiva como um aspecto único de autorregulação especificamente visado pelas práticas contemplativas.
  5. No contexto contemplativo, a interpretação do que é considerado ‘adaptativo’ pode depender fortemente dos fatores motivacionais/intencionais e do contexto contemplativo de uma prática e, em alguns aspectos, diverge do entendimento psicológico padrão em termos de adequação situacional ou direcionada a um objetivo; a noção de condutividade do bem-estar está frequentemente ligada à compreensão específica da virtude e da não virtude dentro de um sistema contemplativo.
  6. No contexto do Dzogchen, o propósito das práticas que melhoram a MSRC da mente pode ser descrito em termos de estabelecer a ‘mente comum’ para que os MEA mais avançados possam ser reconhecidos. Os fatores intencionais/motivacionais e contextuais podem ser vistos como catalisadores essenciais neste processo.
  7. O ICS sugere que os significados implicativos estão ligados a aspectos emocionais da experiência, ao passo que os significados propositivos não estão – uma afirmação um pouco controversa que não é essencial aqui.
  8. http://cognitive-edge.com

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Palavras-chave : ciência contemplativa, meditação, neurociência, mindfulness, mecanismos, definição, autorregulação, consciência

Citação: Dorjee D (2016) Definindo a Ciência Contemplativa: A Capacidade Autorreguladora Metacognitiva da Mente, o Contexto da Prática da Meditação e os Modos da Consciência Existencial. Front. Psychol. 17: 1788. doi: 10.3389/fpsyg.2016.01788

Recebido: 7 de junho de 2016; Aceito: 31 de outubro de 2016; Publicado: 17 de novembro de 2016

Editado por: Narayanan Srinivasan Universidade de Allahabad, Índia

Revisado por: Peter Malinowski Universidade de Liverpool John Moores, Reino Unido; Gaelle Desbordes Hospital Geral de Massachusetts, EUA; Sucharit Katyal , UC Davis Medical Center, EUA

Direito autoral © 2016 Dorjee. Este é um artigo de acesso aberto, distribuído sob os termos do Licença Creative Commons Attribution (CC BY) . O uso, distribuição ou reprodução em outros fóruns é permitido, desde que o (s) autor (es) original (is) ou licenciado (s) sejam creditados e que a publicação original desta revista seja citada, de acordo com a prática acadêmica aceita. Não é permitida a utilização, distribuição ou reprodução que não esteja em conformidade com estes termos.

*Correspondência: Dusana Dorjee, d.dorjee@bangor.ac.uk

Fonte: Frontiers in Psychology, 17, Hypothesis and Theory Article, November 2016. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2016.01788

 

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