VELCRO PARA AS COISAS RUINS: A NEUROCIÊNCIA DO SOFRIMENTO – Rick Hanson

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Rick Hanson

Há mais de vinte anos, numa aula de neurociência para psicólogos, o professor entrou na sala com um balde grande, vestiu um par de luvas amarelas e, com um gesto teatral, tirou do balde um cérebro humano em perfeitas condições. Parecia uma couve-flor pequena, esponjosa e amarelada. Enquanto o professor discorria monotonamente sobre ele, tive uma experiência estranhamente perturbadora. Uma coisa igual à que estava na sua mão “lá” também estava “aqui”, dentro da minha cabeça, tentando compreender o que ele estava segurando. Fiquei na verdade chocado com o fato de que essa coisa aparentemente insignificante estivesse produzindo a visão do balde, a voz do professor e minhas sensações tanto de nojo como de admiração. Todo o prazer e toda a dor que eu sentia, todo o amor e toda a perda, resultavam de uma atividade que ocorria no interior daquela massa de carne brilhante. Meu cérebro era a vereda final comum de todas as causas que fluíam através de mim para criar cada momento de consciência.

Há tempos as pessoas perguntam por que ficamos alegres ou tristes ou por que nos ajudamos ou nos ferimos mutuamente. Sábios e cientistas exploraram as causas mentais da felicidade e do sofrimento. Agora, pela primeira vez na história, podemos perguntar a nós memos: quais são as causas neurais subjacentes dessas causas? E as respostas podem ser encontradas nas estruturas e nos processos do cérebro humano tal como foi moldado pela evolução.

O cérebro não passou a existir da noite para o dia. Ele adquiriu suas aptidões e tendências durante centenas de milhões de anos, e os fatores que moldaram essa história longa e impessoal apresentam-se hoje em sua vida de maneiras bastante pessoais. Suponhamos que você realizou vinte coisas hoje e cometeu um erro. O que tem uma probabilidade maior de ficar na lembrança enquanto você pega no sono? Provavelmente o erro, mesmo que ele tenha representado apenas uma pequena parte do seu dia. Como você verá, a razão disso pode ser encontrada na evolução do cérebro. Sabendo como ele se desenvolveu ao longo do tempo, você conhecerá melhor a si mesmo e aos outros. E, mais, você utilizará e moldará mais eficazmente aquela coisa gosmenta, com formato de couve-flor e extraordinária, que existe dentro da sua cabeça.


Um cérebro em evolução[i]

Todo ser humano tem ancestrais comuns[ii] com morcegos, begônias e bactérias que datam de pelo menos 3,5 bilhões de anos, recuando até os primeiros microorganismos. Criaturas pluricelulares surgiram[iii] nos antigos oceanos há 650 milhões de anos; 50 milhões de anos depois, elas tinham se tornado suficientemente complexas a ponto de começar a desenvolver um sistema nervoso que coordenasse seus sistemas sensorial e motor. Os mamíferos surgiram[iv] há cerca de 200m milhões de anos, e os primeiros primatas por volta de 60 milhões atrás. Há cerca de 2,5 milhões de anos[v], nosso ancestral hominídeo, o Homo habilis, era inteligente o bastante para começar a fazer ferramentas de pedra, e nossa própria espécie – o Homo sapiens[vi], o macaco inteligente – apareceu há cerca de 200 mil anos.

Ao longo dos últimos 600 milhões de anos[vii], o sistema nervoso em evolução foi incorporando soluções para problemas de sobrevivência enfrentados por criaturas do nível de algas e moluscos, passando por lagartos, camundongos e macacos, até chegar aos primeiros humanos. Nos últimos milhões de anos, o cérebro praticamente triplicou de volume, enquanto era moldado pelas profundas pressões da seleção natural. Até o início da agricultura, há cerca de 10 mil anos, nossos antepassados hominídeos e humanos[viii] viviam em pequenos bandos de caçadores e coletores. Era um mundo intocado e belo, tudo era simples, o ritmo de vida era tranquilo e havia tempo para se relacionar uns com os outros, algo de que muitos sentem saudade hoje.

Não obstante, as ameaças à sobrevivência que eles tinham de enfrentar – como a probabilidade de ser atacado e devorado por predadores – eram muito diferente das nossas. Por viverem em pequenos bandos, não costumavam se encontrar com pessoas desconhecidas, e, quando isso acontecia, muitas vezes era perigoso. Embora alguns bandos se relacionassem pacificamente[ix] entre si, na média uma de cada oito pessoas morria em conflitos entre bandos, isso comparado com uma em cada cem que morreu devido às guerras do século XX. Havia também fome, parasitas, doenças, ferimentos e os riscos do parto; e nada de analgésicos ou polícia. Foi esse mundo que serviu de útero para o cérebro humano, e ele se adaptou meticulosamente a suas condições. O resultado ocupa hoje o espaço entre suas orelhas, continuando a moldar suas experiências e a controlar suas ações.

 

As coisas ruins são mais fortes que as boas[x]

Para transmitir seus genes, nossos ancestrais répteis, mamíferos, primatas, hominídeos e humanos tinham de conseguir coisas agradáveis como as “cenouras” do abrigo, da comida e do sexo. Enquanto isso, tinham de se manter distantes de coisas que eram dolorosas como “bastões” de prepadores, fome e agressão vinda de outros de sua espécie. Tanto as cenouras como os bastões são importantes, mas existe uma diferença crucial entre eles. Do ponto de vista da sobrevivência, bastões têm mais premência e impacto que cenouras. Se você não conseguir uma cenoura hoje, terá outra oportunidade de conseguí-la amanhã; mas, se você não conseguir evitar um bastão hoje – zás! -, nunca mais vai comer cenoura. A lei no. 1 da selva é: almoce hoje – não seja um almoço hoje. Durante centenas de milhões de anos, foi uma questão de vida ou morte ficar atento aos bastões, reagir intensamente a eles, lembrar-se bem deles e, ao longo do tempo, tornar-se cada vez mais sensível a eles.

Consequentemente, o cérebro desenvolveu um viés negativista intrínseco. Embora essa predisposição tenha aparecido em condições inóspitas muito diferentes das nossas, ela continua agindo dentro de nós hoje quando estamos dirigindo, indo a uma reunião, resolvendo uma briga entre irmãos, tentando fazer regime, assistindo ao noticiário, esquivando-nos das tarefas domésticas, pagando contas ou indo encontrar a namorada. Seu cérebro está sempre pronto a assumir uma postura negativa para ajudá-lo a sobreviver.

 

Alerta por você

Para começo de conversa[xi], seu cérebro sempre está à espreita de perigos ou perdas potenciais; é por essa razão que a primeira notícia dos telejornais geralmente é o crime ou desastre mais recente. Como dizem no jornalismo: sangue vende jornal. Durante o curso da evolução, animais nervosos, decididos e tenazes tinham mais probabilidade de transmitir seus genes, e essas tendências estão agora incorporados em nosso DNA. Mesmo quando você se sente relaxado, feliz e próximo das pessoas, seu cérebro continua atento em busca de perigos potenciais, de decepções e problemas interpessoais. Em consequência, na parte de trás da mente em geral existe uma sutil mas perceptível sensação de desconforto, insatisfação e distanciamento que provoca essa vigilância.

Então, quando a mínima coisa dá errado[xii] ou pode causar problema, o cérebro concentra-se nisso como uma espécie de visão de túnel que minimiza todo o resto. Se seu chefe faz uma excelente avaliação sua que contém uma única crítica em meio a um monte de elogios, é provável que você se concentre no comentário negativo. Estímulos negativos são percebidos com mais rapidez[xiii] e com maior facilidade que estímulos positivos. Nós identificamos semblantes raivosos mais rapidamente[xiv] que semblantes alegres; na verdade, diante de um semblante raivoso o cérebro reage[xv] mesmo que você não tenha consciência disso.

 

O poder do sofrimento

As experiências ruins (dolorosas, perturbadoras) geralmente prevalecem sobre as boas (aprazíveis, confortadoras). O psicólogo Daniel Kahnemann[xvi] recebeu o Prêmio Nobel de Economia por demonstrar que a maioria das pessoas se empenha mais em evitar uma perda do que em conquistar um ganho equivalente. Relacionamentos íntimos duradouros[xvii] geralmente precisam de cinco interações positivas para compensar uma negativa. Na verdade, as pessoas começam a se dar bem[xviii] quando os momentos positivos superam os negativos ao menos numa proporção de três para um e, de preferência, numa proporção maior. Os elementos negativos contaminam os elementos positivos mais do que estes[xix] purificam aqueles; por exemplo, uma má ação prejudica mais a reputação do herói[xx] do que uma boa ação melhora a reputação do vilão.

O impacto extraordinário que os acontecimentos ruins têm sobre a mente baseia-se no poder extraordinário que eles têm no cérebro, o qual responde mais intensamente a coisas desagradáveis do que a coisas agradáveis de mesma intensidade. Situado no meio da cabeça, o circuito central da reação desproporcional compõe-se de três partes: a amígdala, o hipotálamo e o hipocampo. Do tamanho de uma amêndoa[xxi], a amígdala de fato reage a acontecimentos e sensações positivos; porém, na maioria das pessoas ela é ativada mais pelos acontecimentos e sensações negativos[xxii].

Pense na situação em que alguém – talvez um de seus pais, sua companheira ou um colega de trabalho – ficou com raiva de você e aquilo o deixou ansioso. A raiva do outro ativou sua amígdala[xxiii], um pouco como o ataque de um leão teria feito há um milhão de anos. Para produzir uma reação “de luta ou fuga”, a amígdala enviou sinais de alarme para o hipotálamo e para os centros de controle do sistema nervoso simpático, localizados na base do cérebro. O hipotálamo enviou um pedido urgente de adrenalina, cortisol, norepinefrina e outros hormônios do estresse. Seu coração então começou a bater mais rápido, seus pensamentos se aceleraram e você começou a se sentir aturdido ou agitado. O hipocampo produziu um primeiro registro neural da experiência[xxiv] – o que aconteceu, quem disse o quê e como você se sentiu – e então supervisionou sua consolidação nas redes de memória cortical para que você pudesse aprender com isso no futuro. Ligada pelo equivalente neural de uma autoestrada de quatro pistas, a amígdala ativada ordenou ao hipocampo que desse prioridade ao armazenamento dessa experiência estressante e marcasse até mesmo os futuros filhotes de neurônio[xxv] para que fossem, de fato, medrosos para sempre.

 

Círculos viciosos

Com o passar do tempo, as experiências negativas tornam a amígdala ainda mais sensível às coisas negativas. Esse efeito de bola de neve[xxvi] acontece porque o cortisol que a amígdala sinaliza que o hipotálamo deve solicitar entra na corrente sanguínea e flui para o cérebro, onde estimula e fortalece a amígdala. O sinal de alarme do cérebro passa, então, a disparar mais facilmente e com maior intensidade. Para piorar as coisas, mesmo depois que o perigo passou ou mostrou ser um alarme falso, vários minutos se passam até que o cortisol tenha sido metabolizado e eliminado do corpo. Por exemplo, você pode escapar por pouco de bater o carro e ainda continuar pilhado e trêmulo vinte minutos depois.

Nesse meio-tempo, numa sequência de golpes um-dois[xxvii], o cortisol do cérebro superestimula, enfraquece e finalmente elimina células do hipocampo, reduzindo-o gradualmente. Isso representa um problema[xxviii] porque o hipocampo o ajuda a pôr as coisas em perspectiva, ao mesmo tempo que acalma a amígdala e diz ao hipotálamo para parar de solicitar hormônios do estresse. Assim sendo, fica mais difícil pôr a única coisa que está dando errado no contexto das inúmeras coisas que estão dando certo, e mais difícil ainda sossegar uma amígdala e um hipotálamo descontrolados.

Como consequência, sentir-se estressado, preocupado, irritado ou magoado hoje o deixa mais vulnerável a se sentir estressado etc. amanhã, o que o deixa na verdade vulnerável no dia seguinte. Negatividade leva a mais negatividade, num círculo extremamente vicioso.

 

Paranoia do tigre de papel

Um dos aspectos da predisposição negativa é tão importante que merece uma atenção especial: o poder extraordinário do medo. Nossos ancestrais podiam cometer dois tipos de engano: 1) pensar que havia um tigre escondido no mato, quando não havia, e 2) pensar que não havia nenhum tigre escondido no mato, quando realmente havia um. O preço do primeiro engano era a ansiedade desnecessária, enquanto o preço do segundo era a morte. Consequentemente, nosso processo evolutivo nos levou a cometer mil vezes o primeiro engano para evitar cometer o segundo ainda que na única vez.

Na verdade, as pessoas ainda continuam cometendo o segundo engano[xxix]. Eu, por exemplo, não uso fio dental com a frequência que deveria e dirijo rápido demais. Uma variação do segundo engano é ser exageradamente otimista a respeito de prováveis benefícios em comparação com seus custos; por exemplo, muitos apostadores e aspirantes a astro de rock inflam as probabilidades de retorno. Em geral, porém, o cenário default[xxx] do cérebro é superestimar as ameaças, subestimar as oportunidades e subestimar tanto os recursos para enfrentar as ameaças como para aproveitar as oportunidades. Nós então atualizamos essas crenças com informações que as confirmam, enquanto ignoramos ou rejeitamos as que as desmentem. Existem mesmo regiões[xxxi] da amígdala especificamete projetadas para impedir que se esqueça o medo, de modo especial o causado por experiências da infância. Como resultado disso, acabamos nos preocupando com ameaças que na verdade são menores ou mais administráveis do que temíamos, enquanto desconsideramos oportunidades que em geral são maiores do que esperávamos. Como resultado, nosso cérebro é propenso à “paranoia do tigre de papel”.

Essas tendências de origem biológica são reforçadas por inúmeros fatores. Consideremos o temperamento. Algumas pessoas (como eu) são intrinsecamente mais ansiosas que outras. Pense também a sua história pessoal. É natural que experiências de vida assustadoras ou dolorosas, especialmente as traumáticas, deixem as pessoas mais medrosas. Se você cresceu numa vizinhança perigosa, se seus pais eram irascíveis ou se você sofria indimidação na escola, é normal ainda agir com cautela mesmo que agora viva num lugar seguro rodeado de gente simpática. Suas condições atuais também são importantes. Talvez você viva com alguém que perde a cabeça sem motivo ou esteja sendo assediada no trabalho. A economia também tem seu papel. É compreensível que as pessoas tenham uma sensação de insegurança ou algo pior quando o dinheiro está curto e o dia a dia é uma competição estressante. E, além disso, em toda a história grupos políticos se aproveitaram dos medos para tomar ou manter o poder.

Qual é sua experiência pessoal de medo?  Ele varia da cautela, prudência, apreensão e inquietude moderadas a preocuçaões, ansiedade, obsessão, pânico e terror. E que papel o medo desempenha em sua vida? Quando estamos com medo, pensamos pequeno, nos expressamos com menos liberdade, nos aferramos ao “nós” e sentimos mais medo e raiva “deles”. Como os outros têm a mesma vulnerabilidade ao poder do medo que nós, os atos que cometemos quando estamos amedrontados lhes parecem ameaçadores; com isso eles reagem de maneira exagerada, fazendo com que nos sintamos mais amedrontados que nunca.

 

Velcro e teflon

A predisposição à negatividade também influencia o processo de construção da estrutura da mente. Ela funciona assim. Como vimos, o que flui através da mente modifica o cérebro. Isso resulta em dois tipos de aprendizagem, dois tipos de memória: explícita e implícita. A memória explícita contém todas as suas lembranças pessoais, desde quando você era uma criança pequena até o que estava acontecendo dez minutos atrás. Essas lembranças tendem a assumir uma predisposição positiva[xxxii] quanto mais você recua no tempo. Por exemplo, logicamente eu sei que meus pés deviam estar me matando dentro das botas de escalar apertadas durante a longa trilha em Yosemite; porém, a única coisa de que me lembro é como foi incrível ficar de pé lá no alto al lado do meu amigo. A memória explícita também inclui o chamado “conhecimento declarativo”, que é uma espécie de enciclopédia de informações sobre coisas como a definição de bicicleta, o formato da Terra e seu número de registro na Previdência Social.

A memória implícita inclui o “conhecimento procedural”, que é a maneira de fazer as coisas, de como andar de bicicleta a como conduzir uma conversa delicada com um amigo. Ele também contém seus pressupostos e expectativas, restos afetivos de experiências vividas, modelos de relacionamento, valores e inclinações, e todo o ambiente interno de sua mente. É como um enorme armazém que guarda a maioria das forças interiores[xxxiii], bem como a maioria das sensações de inadequação, dos desejos não realizados, das posturas defensivas e dos antigos sofrimentos. O que é introduzido nesse armazém constitui a base do seu modo de sentir e de agir. Seu conteúdo geralmente tem muito mais impacto em sua vida do que os conteúdos da memória explícita.

Infelizmente, a formação da memória implícita[xxxiv] apresenta um viés negativo. Experiências desagradáveis são imediatamente processadas nos armazéns da memória: uma queimadura, duas vezes tímido. Em geral aprendemos mais depressa com o sofrimento do que com o prazer. Antipatias fortes são adquiridas mais rapidamente do que predileções fortes. Nos relacionamentos, é fácil perder a confiança e difícil reconquistá-la. Lembramos mais de algo ruim sobre alguém do que de algo bom, razão pela qual as propagandas negativas predominam nas campanhas políticas. Seja entre membros da família ou entre nações, agravos nunca esquecidos alimentam conflitos duradouros. Um simples punhado de acontecimentos irrelavantes difíceis pode se transformar rapidamente numa sensação de impotência[xxxv] – um fator importante da depressão[xxxvi] -, e a pessoa normalmente precisa da mesma quantidade de contraexperiências de sucesso a fim de recobrar a sensação de confiança e de competência. De uma forma ou de outra, estados mentais negativos podem se transformar com facilidade em traços neurológicos.

Por outro lado, a menos que sejam entusiasmantes ou originais, a maioria das notícias boas tem pouco ou nenhum efeito duradouro nos sistemas de memória implícita do cérebro. Isso acontece por três motivos. Primeiro: tendemos a ignorar as notícias porque estamos ocupados resolvendo problemas ou procurando algo com que nos preocupar. Estamos rodeados de pequenas coisas boas – o canto dos pássaros, o sorriso das pessoas, os corações que continuam -, mas não lhes damos muita atenção. Segundo: quando de fato reconhecemos uma coisa boa, ela geralmente não consegue se transformar numa experiência boa. Mal terminamos uma tarefa – uma coisa boa – e já passamos para a próxima, sem aproveitar direito a sensação de ter realizado algo. Se alguém nos elogia, ignoramos o elogio. Ouvimos o riso das crianças, mas isso não nos anima.

Terceiro: mesmo que você perceba, de fato, uma coisa boa e mesmo que ela se torne uma experiência boa, ela provavalmente não se converte em uma estrutura neural, armazenada na memória implícita. A menos que se trate de ocasiões extraordinárias, as experiências positivas utilizam sistemas de memória comuns, nos quais a informação nova tem de ser mantida em áreas de armazenamento de dados de curto prazo por um período suficientemente prolongado antes de ser transferida para o armazenamento de longo prazo. “Suficientemente prolongado” depende da experiência e da pessoa; porém, de modo geral, isso significa pelo menos alguns segundos, e quanto mais tempo melhor. Na verdade, você precisa manter a mente ligada na experiência positiva para que ela molde seu cérebro.

Com que frequência, porém, retemos uma experiência postiva por cinco, dez ou vinte segundos ininterruptamente? Ou por um espaço de tempo mais longo? Eu, com certeza, não agia assim antes de começar a perceber a importância de incorporar deliberadamente as coisas boas e preencher aos poucos o vazio em meu coração. Suponha que lhe aconteceu algo que fez com que se sentisse tranquilo, satisfeito ou amado. Você normalmente se manteria receptivo a essa sensação durante (digamos) dez segundos, mantendo-a viva em sua consciência, penetrando nela ao mesmo tempo que ela penetra em você? A maioria das pessoas não teria essa reação. Mas, se você não agir assim, grande parte – se não a totalidade – do valor disponível nessa experiência será perdida. Sua mente funciona como um velcro para as experiências negativas, mas como um teflon para as positivas.

 

Esforços desperdiçados

A menos que você incorpore conscientemente a experiência boa, ela no geral passa pelo cérebro como água pela peneira, deixando pouco de bom para trás. (Enquanto isso, as experiências ficam presas na peneira pela memória implícita de viés negativo.) A experiência foi boa, mas do ponto de vista da construção da estrutura neural é como se ela nunca tivesse existido. Essa é a principal deficiência[xxxvii] da maioria dos programas formais de controle do estresse, de treinamento em recursos humanos, de formação da personalidade para crianças, de treinamento da atenção e da compaixão, de orientação de psicoterapia e de tratamento de drogas e de álcool. De maneira informal, administradores, educadores e pais enfrentam o mesmo problema. Criamos estados mentais benéficos por meio da competência e do esforço. Cada vez que isso acontece, é momentaneamente bom. Na maioria dos casos, porém, não usamos de forma consistente e sistemática os segundos complementares para instalar essas experiências no cérebro. Nesse caso, também estou me referindo a mim. Como terapeuta, é humilhante e inquietante perceber que grande parte dos pensamentos e sentimentos positivos que ajudei meus clientes a acessar gerou tão pouco benefício duradouro para eles.

Os efeitos da predisposição negativa também são frustrantes e desestimulantes para o “aprendiz”, algo que também tenho sido. Você pode estar num contexto definido (p.ex. treinamento de liderança, AAA, classe de orientação para pais) ou, informalmente, apenas tentando se sentir menos preocupado, melancólico ou estressado. Você faz um enorme esforço para incutir algo de bom na mente – um pouco de tranquilidade, felicidade ou consolo -, e então, poucas horas depois (ou antes, infelizmente), parece que nada disso aconteceu. É como se você se esforçasse para empurrar uma pedra pesada até o alto da montanha e depois a visse rolar de volta para baixo.

A predisposição negativa não é nossa culpa. Não a inventamos. No entanto, existe algo que podemos fazer a respeito dela.

Igualdade de condições 

A predisposição negativa não significa que você não pode ser feliz. Mas, se for feliz, você o será a despeito dela. É uma predisposição, pronta para entrar em ação de acordo com as circunstâncias. Quando você se sente bem, ela fica esperando em segundo plano, procurando um motivo para que você se sinta mal. Quando você se sente mal, ela o faz sentir-se pior.

Essa predisposição cria dois tipos de problemas. Primeiro, ela aumenta aquilo que é negativo, chamando sua atenção para o que é ou poderia ser ruim, fazendo com que você reaja de maneira exagerada àquilo e armazenando a experiência negativa na memória implícita. Ela também cria círculos viciosos de negatividade tanto no interior do cérebro como com relação a outras pessoas.  Essa predisposição aumenta, de várias maneiras, o estresse, as preocupações, as frustrações, as irritações, as mágoas, os sofrimentos, a sensação de incompletude e os conflitos com os outros.

Segundo, a predisposição negativa diminui aquilo que é positivo. Ela afasta sua atenção das coisas boas que existem ao seu redor. Ela faz com que você reaja sem entusiasmo às coisas boas que percebe. E faz com que as boas experiências que você tem passem despercebidas pelo cérebro, deixando quase nada para trás. Essa predisposição é um tipo de gargalo que torna mais difícil a absorção da felicidade pelo cérebro.

A Taxa de juros de uma conta poupança determina o quanto você ganha financeiramente por dia. O que você prefere, uma taxa baixa ou uma taxa alta? Do mesmo modo, a taxa de conversão dos estados mentais positivos em traços neurológicos positivos determina o quanto você ganha psicologicamente por dia. Nesse caso, também, o que você prefere, uma taxa baixa ou uma taxa alta? Infelizmente, a predisposição negativa reduz a taxa de conversão, o que achata seus rendimentos na vida: sua felicidade, a colaboração com os outros e o sucesso.

Na verdade, a predisposição negativa está voltada à sobrevivência imediata, mas é contrária à qualidade de vida, aos relacionamentos tranquilos e gratificantes e à saúde mental e física duradoura. Esse é o cenário default do cérebro da Idade da Pedra. Se não assumirmos seu controle, ele continuará a nos dominar.

Voltar-se para uma visão positiva das coisas simplesmente restabelece a igualdade de condições. Ao reduzir os sentimentos, os pensamentos e as atitudes negativas enquanto reforça os positivos, a prática de incorporar coisas boas corrige as duas tendências da predisposição negativa.

E, ao longo do tempo, a incorporação de coisas boas pode ajudá-lo a perceber que suas necessidades fundamentais de segurança, gratificação e relacionamento foram, por fim, plenamente satisfeitas. Examinaremos como fazer isso no próximo capítulo.

 


COMO INCORPORAR

  • Ao longo da história, as pessoas especularam a respeito das causas do sofrimento e da felicidade tal como apareciam em sua mente. Agora estamos começando a compreender como nossas experiências são produzidas pelas estruturas e processos subjacentes do cérebro.
  • O sistema nervoso vem evoluindo há 600 milhões de anos, e as soluções para os problemas de sobrevivência enfrentados pelos antigos répteis, mamíferos, primatas e humanos ainda continuam presentes em nosso cérebro hoje.
  • Para sobreviver e transmitir seus genes, nossos ancestrais precisavam ficar particularmente atentos aos perigos, às perdas e aos conflitos. Consequentemente, o cérebro desenvolveu uma predisposição negativa que procura por notícias ruins, reage intensamente a elas e armazena rapidamente a experiência na estrutura neurológica. Embora ainda possamos ser felizes, essa predisposição cria uma vulnerabilidade permanente ao estresse, à ansiedade, à decepção e à dor.
  • U aspecto fundamental da predisposição negativa é o poder extraordinário do medo. Nós geralmente superestimamos as ameaças e subestimamos as oportunidades e os recursos. Ao mesmo tempo, as experiências negativas sensibilizam o cérebro para o que é negativo, tornando ainda mais fácil ter outras experiências negativas, num círculo vicioso.
  • Forças interiores como felicidade e resiliência resultam principalmente de experiências positivas. Mas, a menos que dediqemos uma atenção cuidadosa e constante a elas, a maioria das experiências positivas irá passar po nosso cérebro como a água por uma peneira. Elas são momentaneamente agradáveis, mas não têm muito valor em termos da transformação da estrutura neurológica. O cérebro funciona como velcro para as experiências negativas e como teflon para as positivas.
  • Embora a predisposição negativa seja boa para sobreviver em condições adversas, ela é péssima quando se trata de qualidade de vida, relacionamentos satisfatórios, crescimento pessoal e bem-estar duradouro. Ela faz com que aprendamos demais com as experiências ruins e de menos com as boas.
  • A melhor maneira de compensar a predisposição negativa é incorporar regularmente as coisas boas.

 

Notas:         

[1] As datas nessa seção são aproximadas.

[2] Scott W. Emmons, “The Mood of a Worm”, Science 338 (2012): 475-476.

[3] Elizabeth Pennisi, “Nervous System May Have Evolved Twice”, Science 339 (2013): 391.

[4] Existe certa discordância entre os acadêmicos a respeito dessa datação, dependendo do modo como mamíferos e primatas são classificados.

[5] Shannon McPherron et al, “Evidence for Stone-Tool Assisted Consumption of Animal Tissues Before 3.39 Million Years Ago at Dikika, Ethiopia”, Nature 446 (2010): 857-860; Semaw et al., “2.5-Million-Year-Old Stone Tools from Gona, Ethiopia”, Nature 385 (1997): 333-336.

[6] Michael Balter, “New Light on Revolutions That Weren’t, Science 336 (2012): 530-561.

[7] Esse é um assunto vasto. Para uma amostra das pesquisas que servem de base a ele, ver Pierre-Yves Placais e Thomas Preat, “To Favor Survival Under Food Shortage, the Brain Disables Costly Memory”, Science 339 (2013): 440-442; Linda Palmer e Gary Lynch, “A Kantian View of Space”, Science 328 (2010): 1487-1488; Tobias Esch e George B. Stefano, “The Neurobiology of Stress Management”, Neuroendocrinology Letters 31, No. 1 (2010): 19-39.

[8] Pontus Skoglund et al., “Origins and Genetic Legacy of Neolithic Farmers and Hunter-Gatherers in Europe”, Science 336 (2012): 466-469.

[9] Jung-Kyoo Choi e Samuel Bowles, “The Coevolution of Parochial Altruism and War”, Science 318 (2007): 636-640.

[10] O título desa seção foi extraído do ensaio “Bad Is Stronger Than Good”, de Roy Baumeister et al., Review of General Psychology 5 (2001): 323-370.

[11] Eldad Yechiam e Guy Hochman, “Losses as Modulators of Attention: Review and Analysis of the Unique Effects of Losses Over Gains”, Psychological Bulletin 139, No. 2 (2013): 497-518.

[12] Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”; Rozyn e Royzman, “Negativity Bias”.

[13] J. S. Morris et al., “A Differential Neural Response in the Human Amygdala to Fearful and Happy Facial Expressions”, Nature 383 (1996): 812-815.

[14] J. S. Morris et al., “Conscious and Unconscious Emotional Learning in the Human to Fearful and Happy Facial Expressions”, Nature 283 (1996): 812-815.

[15] J.S. Morris et al., “Conscious and Unconscious Emotional Learning in the Human Amygdala”,  Nature 393 (1998): 467-470.

[16] Daniel Kahneman e Amos Tversky, “Prospect Theory: an Analysis of Decision Under Risk”, Econometria 47, No. 2 (1979): 163-292; Yechiam e Hochman, “Losses as Modulators of Attention”.

[17] John Gottman, Why Marriages Succeed or Fail: and How You Can Make Yours Last (Nova York: Simon & Schuster, 1995).

[18] Fredrikson, Positivity.

[19] Rozin e Royzman, “Negativity Bias”.

[20] Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”.

[21] Chunningham e Brosh, “Motivational Salience”; Israel Liberzon et al., “Extended Amygdala and Emotional Salience: A PET Activation Study of Positive and Negative Affect”, Neuropsychopharmacology 28, No. 4 (2003): 726-733; Stephan B. Hamann et al., “Ecstasy and Agony: Activation of the Human Amygdala in Positive and Negative Emotion”, Psychological Science 13, No. 2 (2002): 135-141; Hugh Garavan et al., “Amygdala Response to Both Positively and Negatively Valenced Stimuli”, Neuroreport 12, No. 12 (2001): 2779-2783.

[22] Cunningham et al., “Neural Correlates of Evaluation Associated with Promotion and Prevention Regulatory Focus”, Cognitive, Affective, and Beharioral Neuroscience 5, No. 2 (2005): 202-211; Andrew J. Calder et al., “Neuropsychology of Fear and Loathing”, Nature 2 (2001): 353-363.

[23] Hugo D. Critcley, “Neural Mechanisms of Autonomic, Affective, and Cognitive Integration”, Journal of Comparative Neurology 493 (2005): 154-166.

[24] Guestavo Morrone Parfitt et al., “Moderate Stress Enhances Memory Persistence: Are Adrenergic Mechanisms Involved?”, Behavioral Neuroscience 126, No. 5 (2012): 729-730.

[25] E. D. Kirby et al., “Basolateral Amygdala Regulation of Adult Hippocampal Neurogenesis and Fear-Related Activation of Newborn Neurons”, Molecular Psychiatry 17 (2012): 527-536.

[26] Bruce McEwen e Peter Gianaros, “Stress- and Allostasis-Induced Brain Plasticity”, Annual Review of Medicine 62 (2011): 431-435.

[27] McEwen e Gianaros, “Stress- and Allostasis-Induced Brain Plasticity”; Poul Videbech e Barbara Ravnkilde, “Hippocampal Volume and Depression: a Meta-Analysis of MRI Studies”, American Journal of Psychiatry 161, No. 11 (2004): 1957-1966; Stephanie Campbell et al., “Lower Hippocampal Volume in Patients Suffering from Depression: a Meta-Analysis”, American Journal of Psychiatry 161, No. 4 (2001): 598-607.

[28] McEwen e Gianaros, “Stress- and Allostasis-Induced Brain Plasticity”.

[29] Tali Sharot, The Optimism Bias: Tour of the Irrationally Positive Brain (Nova York: Vintage, 2011).

[30] Deborah Kermer et al., “Loss Aversion Is an Affective Forecasting Error”, Psychological Science 17, No. 8 (2006): 649-653; Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”; Rozin e Royzman, “Negativity Bias”.

[31] Nadine Gogolla et al., “Perineuronal Nets Protect Fear Memories from Erasure”, Science 325 (2009): 1258-1261.

[32] Daniel L. Schachter, The Seven Sins of Memory: How the Mind Forgets and Remembers (Nova York: Houghton Mifflin Harcourt Books, 2002).

[33] As forças interiores, bem como os sentimentos de imperfeição etc., que não se baseiam no aprendizado e na memória – em outras palavras, que não são adquiridos – baseiam-se em características e tendências inatas determinadas geneticamente.

[34] Para as fontes das afirmações feitas nesse parágrafo, ver Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”; Rozin e Royzman, “Negativity Bias”.

[35] Seligman, Learned Optimism.

[36] Seligman, Learned Optimism.

[37] Algumas terapias representam exceções dignas de nota. Entre elas a terapia de foco (Eugene T. Gendlin, Focusing [Nova York: Random House, 1982]), EMDR [sigla em inglês para Dessemsibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares] (Deborah L. Korn e Andrew M. Leeds, “Preliminary Evidence of Efficacy for EMDR Resource Development and Installation in the Stabilization Phase of Treatment of Complex Posttraumatic Stress Disorder”, Journal of Clinical Psychology 58, No. 12 [2002]: 1465-1487); terapia de coerência (Toomey e Ecker, “Competing Visions”; Ecker e Toomey, “Depotentiation of Symptom-Producing Implicit Memory in Coherence Therapy”); e o broad minded affective coping [tratamento emocional responsivo] (Nicholas Terrier, “Broad Minded Affective Coping [BMAC]: a ‘Positive’ CBT Approach to Facilitating Positive Emotions”, International Journal of Cognitive Therapy 31, No. 1 [2010]: 65-78.)

[i] As datas nessa seção são aproximadas.

[ii] Scott W. Emmons, “The Mood of a Worm”, Science 338 (2012): 475-476.

[iii] Elizabeth Pennisi, “Nervous System May Have Evolved Twice”, Science 339 (2013): 391.

[iv] Existe certa discordância entre os acadêmicos a respeito dessa datação, dependendo do modo como mamíferos e primatas são classificados.

[v] Shannon McPherron et al, “Evidence for Stone-Tool Assisted Consumption of Animal Tissues Before 3.39 Million Years Ago at Dikika, Ethiopia”, Nature 446 (2010): 857-860; Semaw et al., “2.5-Million-Year-Old Stone Tools from Gona, Ethiopia”, Nature 385 (1997): 333-336.

[vi] Michael Balter, “New Light on Revolutions That Weren’t, Science 336 (2012): 530-561.

[vii] Esse é um assunto vasto. Para uma amostra das pesquisas que servem de base a ele, ver Pierre-Yves Placais e Thomas Preat, “To Favor Survival Under Food Shortage, the Brain Disables Costly Memory”, Science 339 (2013): 440-442; Linda Palmer e Gary Lynch, “A Kantian View of Space”, Science 328 (2010): 1487-1488; Tobias Esch e George B. Stefano, “The Neurobiology of Stress Management”, Neuroendocrinology Letters 31, No. 1 (2010): 19-39.

[viii] Pontus Skoglund et al., “Origins and Genetic Legacy of Neolithic Farmers and Hunter-Gatherers in Europe”, Science 336 (2012): 466-469.

[ix] Jung-Kyoo Choi e Samuel Bowles, “The Coevolution of Parochial Altruism and War”, Science 318 (2007): 636-640.

[x] O título desa seção foi extraído do ensaio “Bad Is Stronger Than Good”, de Roy Baumeister et al., Review of General Psychology 5 (2001): 323-370.

[xi] Eldad Yechiam e Guy Hochman, “Losses as Modulators of Attention: Review and Analysis of the Unique Effects of Losses Over Gains”, Psychological Bulletin 139, No. 2 (2013): 497-518.

[xii] Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”; Rozyn e Royzman, “Negativity Bias”.

[xiii] J. S. Morris et al., “A Differential Neural Response in the Human Amygdala to Fearful and Happy Facial Expressions”, Nature 383 (1996): 812-815.

[xiv] J. S. Morris et al., “Conscious and Unconscious Emotional Learning in the Human to Fearful and Happy Facial Expressions”, Nature 283 (1996): 812-815.

[xv] J.S. Morris et al., “Conscious and Unconscious Emotional Learning in the Human Amygdala”,  Nature 393 (1998): 467-470.

[xvi] Daniel Kahneman e Amos Tversky, “Prospect Theory: an Analysis of Decision Under Risk”, Econometria 47, No. 2 (1979): 163-292; Yechiam e Hochman, “Losses as Modulators of Attention”.

[xvii] John Gottman, Why Marriages Succeed or Fail: and How You Can Make Yours Last (Nova York: Simon & Schuster, 1995).

[xviii] Fredrikson, Positivity.

[xix] Rozin e Royzman, “Negativity Bias”.

[xx] Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”.

[xxi] Chunningham e Brosh, “Motivational Salience”; Israel Liberzon et al., “Extended Amygdala and Emotional Salience: A PET Activation Study of Positive and Negative Affect”, Neuropsychopharmacology 28, No. 4 (2003): 726-733; Stephan B. Hamann et al., “Ecstasy and Agony: Activation of the Human Amygdala in Positive and Negative Emotion”, Psychological Science 13, No. 2 (2002): 135-141; Hugh Garavan et al., “Amygdala Response to Both Positively and Negatively Valenced Stimuli”, Neuroreport 12, No. 12 (2001): 2779-2783.

[xxii] Cunningham et al., “Neural Correlates of Evaluation Associated with Promotion and Prevention Regulatory Focus”, Cognitive, Affective, and Beharioral Neuroscience 5, No. 2 (2005): 202-211; Andrew J. Calder et al., “Neuropsychology of Fear and Loathing”, Nature 2 (2001): 353-363.

[xxiii] Hugo D. Critcley, “Neural Mechanisms of Autonomic, Affective, and Cognitive Integration”, Journal of Comparative Neurology 493 (2005): 154-166.

[xxiv] Guestavo Morrone Parfitt et al., “Moderate Stress Enhances Memory Persistence: Are Adrenergic Mechanisms Involved?”, Behavioral Neuroscience 126, No. 5 (2012): 729-730.

[xxv] E. D. Kirby et al., “Basolateral Amygdala Regulation of Adult Hippocampal Neurogenesis and Fear-Related Activation of Newborn Neurons”, Molecular Psychiatry 17 (2012): 527-536.

[xxvi] Bruce McEwen e Peter Gianaros, “Stress- and Allostasis-Induced Brain Plasticity”, Annual Review of Medicine 62 (2011): 431-435.

[xxvii] McEwen e Gianaros, “Stress- and Allostasis-Induced Brain Plasticity”; Poul Videbech e Barbara Ravnkilde, “Hippocampal Volume and Depression: a Meta-Analysis of MRI Studies”, American Journal of Psychiatry 161, No. 11 (2004): 1957-1966; Stephanie Campbell et al., “Lower Hippocampal Volume in Patients Suffering from Depression: a Meta-Analysis”, American Journal of Psychiatry 161, No. 4 (2001): 598-607.

[xxviii] McEwen e Gianaros, “Stress- and Allostasis-Induced Brain Plasticity”.

[xxix] Tali Sharot, The Optimism Bias: Tour of the Irrationally Positive Brain (Nova York: Vintage, 2011).

[xxx] Deborah Kermer et al., “Loss Aversion Is an Affective Forecasting Error”, Psychological Science 17, No. 8 (2006): 649-653; Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”; Rozin e Royzman, “Negativity Bias”.

[xxxi] Nadine Gogolla et al., “Perineuronal Nets Protect Fear Memories from Erasure”, Science 325 (2009): 1258-1261.

[xxxii] Daniel L. Schachter, The Seven Sins of Memory: How the Mind Forgets and Remembers (Nova York: Houghton Mifflin Harcourt Books, 2002).

[xxxiii] As forças interiores, bem como os sentimentos de imperfeição etc., que não se baseiam no aprendizado e na memória – em outras palavras, que não são adquiridos – baseiam-se em características e tendências inatas determinadas geneticamente.

[xxxiv] Para as fontes das afirmações feitas nesse parágrafo, ver Baumeister et al., “Bad Is Stronger Than Good”; Rozin e Royzman, “Negativity Bias”.

[xxxv] Seligman, Learned Optimism.

[xxxvi] Seligman, Learned Optimism.

[xxxvii] Algumas terapias representam exceções dignas de nota. Entre elas a terapia de foco (Eugene T. Gendlin, Focusing [Nova York: Random House, 1982]), EMDR [sigla em inglês para Dessemsibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares] (Deborah L. Korn e Andrew M. Leeds, “Preliminary Evidence of Efficacy for EMDR Resource Development and Installation in the Stabilization Phase of Treatment of Complex Posttraumatic Stress Disorder”, Journal of Clinical Psychology 58, No. 12 [2002]: 1465-1487); terapia de coerência (Toomey e Ecker, “Competing Visions”; Ecker e Toomey, “Depotentiation of Symptom-Producing Implicit Memory in Coherence Therapy”); e o broad minded affective coping [tratamento emocional responsivo] (Nicholas Terrier, “Broad Minded Affective Coping [BMAC]: a ‘Positive’ CBT Approach to Facilitating Positive Emotions”, International Journal of Cognitive Therapy 31, No. 1 [2010]: 65-78.)

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